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Publicado em
7/1/22

Entenda O Que É Pré-Natal, Quando Começar e Quais Exames São Realizados

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Entenda O Que É Pré-Natal, Quando Começar e Quais Exames São Realizados

O pré-natal deve ser iniciado a partir do momento no qual a mulher descobre que está grávida, seja pela rede particular ou pelo SUS, em Unidades de Saúde da Família, em hospitais ou clínicas particulares ou públicas.

Ele aborda questões relacionadas ao período gravídico, ao trabalho de parto, parto e pós-parto.

As mães são preparadas para a maternidade, são orientadas sobre as manifestações típicas da gravidez e como devem proceder.

Além disso, esse acompanhamento permite a prevenção e o diagnóstico precoce de doenças congênitas e permite fazer a classificação de risco da gravidez.

A manutenção da saúde materna e do feto dependem diretamente do pré-natal, que inclui a anamnese, o exame físico e a análise dos exames laboratoriais e de imagem.

Desse modo, se realizado adequadamente, pode promover a redução de partos prematuros e de cesáreas desnecessárias, de hipertensão gestacional, de hemorragias, infecções e abortos.

E ainda, pode impedir a transmissão transplacentária de infecções pelo vírus da sífilis e do HIV/AIDS, e impedir que as crianças nasçam com baixo peso.  

As informações encontradas abaixo são relativas ao pré-natal de baixo risco, uma vez que as gravidezes de risco possuem inúmeras causas, e, por isso, exigem mais consultas e exames pré-natais adicionais.

O que é o pré-natal?

O que é o pré-natal

O pré-natal é o acompanhamento médico feito pela mulher ao longo da gravidez. No SUS, ele pode ser realizado pelo médico ou pelo enfermeiro.

Ele vai além da anamnese, dos exames ginecológicos e obstétricos, físicos e complementares, por meio dele são esclarecidas todas as dúvidas da mulher sobre a gravidez e sobre o parto.

Além disso, ao longo das sessões a gestante deve receber todas as informações sobre os seus direitos, hábitos saudáveis, sobre as mudanças pelas quais o seu corpo passará e as medicações que pode ou não tomar.

E mais, a mulher também deve ser ensinada a lidar com as mudanças e a identificar os sinais de risco presentes em cada etapa da gravidez.

O acompanhamento também é responsável por identificar a idade gestacional, informar a data provável do nascimento e por indicar a classificação de risco do período gestacional.

Quais os seus objetivos?

Segundo a Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), do Ministério da Saúde, esses são os objetivos do acompanhamento pré-natal feito durante a gravidez:

  • Preparar a mulher para a maternidade, trazendo informações educativas sobre o parto e o cuidado da criança (puericultura);
  • Fornecer orientações essenciais sobre hábitos de vida e higiene durante as fases gestacionais;
  • Orientar sobre a manutenção do estado nutricional apropriado;
  • Orientar sobre o uso de medicações que possam afetar o feto ou o parto ou medidas que possam prejudicar o feto;
  • Tratar das manifestações físicas próprias da gravidez;
  • Tratar de doenças existentes, que de alguma forma interfiram no bom andamento da gravidez;
  • Fazer prevenção, diagnóstico precoce e tratamento de doenças próprias da gestação ou que sejam intercorrências previsíveis dela;
  • Orientar psicologicamente a gestante para o enfrentamento da maternidade; e
  • Nas consultas médicas, o profissional deverá orientar a paciente com relação à dieta, higiene, sono, hábito intestinal, exercícios, vestuário, recreação, sexualidade, hábitos de fumo, álcool, drogas e outras eventuais orientações que se façam necessárias.

Quantas consultas são realizadas no pré-natal?

Para que os atendimentos sejam adequados a cada fase gestacional, de acordo com o Ministério da Saúde, o ideal é a realização de no mínimo 6 consultas.

Elas devem ser iniciadas no primeiro trimestre, sendo uma nesse período, duas no segundo e três no terceiro trimestre. Desse modo, a pasta recomenda que até a 28ª semana sejam realizadas consultas mensais.

Já entre a 28ª e 36ª semana gestacional elas devem ser quinzenais, e a partir da 37ª a 41ª, os atendimentos devem ser semanais.   

Como é feita a primeira consulta pré-natal?

Primeira consulta pré-natal

A primeira consulta de pré-natal é bastante detalhada. De modo geral, ela busca investigar se os pais ou familiares possuem alguma doença específica.

Para isso, é feita a anamnese da paciente, para saber a sua história clínica, como os aspectos socioepidemiológicos e seus antecedentes familiares.

Esse último visa saber, dentre outras coisas, se existe algum caso de gemelaridade na família, de malformações genéticas ou anomalias congênitas e se o parceiro foi infectado pelo HIV.

Também deve-se perguntar sobre os antecedentes da mãe, se possui alguma anemia ou deficiência de nutrientes específicos, se está com alguma virose (rubéola e/ou hepatite) ou é cardiopata, por exemplo.

A vacinação, as alergias e o uso de drogas, tabagismo e alcoolismo também são questões que devem ser abordadas.

Além dos antecedentes ginecológicos (malformações uterinas, IST’s e uso de métodos anticoncepcionais) e os antecedentes obstétricos.

Neste último, a mulher deve informar a quantidade de filhos, se houve intercorrências ou complicações em gestações anteriores ou se houve complicações nos puerpérios.

Ademais, são abordados os aspectos da gestação atual: cálculo da idade gestacional e data provável do parto, quais os hábitos alimentares, se está sendo feito o uso de alguma medicação e quais são os sinais e sintomas da gravidez em curso.

Também é realizado o exame físico da tireóide, das mamas, dos pulmões, do coração, do abdome e das extremidades.

E ainda, o exame ginecológico/obstétrico, que avalia a genitália externa, a vagina, o colo uterino e, no toque bidigital, o útero e os anexos.

Todos os dados colhidos durante o atendimento são anotados no Cartão da Gestante, e, também, devem ser transcritos para a Ficha Pré-Natal.

Como deve ser realizada a consulta?

A mulher deve ter um atendimento humanizado, com uma escuta qualificada, para que o acompanhamento cumpra os seus objetivos.

Em todos os atendimentos é imprescindível avaliar o risco obstétrico e perinatal, já que a classificação pode mudar muito rapidamente e os procedimentos adequados para diminuir o risco devem ser tomados de imediato.

Sendo assim, a partir da segunda consulta é feita uma anamnese mais sucinta, se comparada ao primeiro contato.

Ela deve pesquisar pelas queixas mais comuns durante o período gravídico e por sinais de intercorrências clínicas e obstétricas, justamente para reavaliar a classificação de risco gestacional.

O exame físico é mais direcionado, visando avaliar o bem-estar fetal e materno. A mulher também é orientada a tomar as vacinas necessárias durante a gravidez, não só para a sua proteção, como também para a proteção do feto.

Por isso, é importante lembrar que a imunização contra a influenza pode ser realizada durante todas as idades gestacionais, já que não oferece risco algum para a amamentação, ou até 45 dias após o parto.

Também são aplicadas a dTpa (difteria, tétano e coqueluche), que deve ser tomada após a 20º semana de gestação, e a vacina contra a hepatite B, para a mãe que não tenha sido imunizada previamente.

Além disso, é obrigatório verificar a presença de anemia de mucosas e a existência de edemas, medir a altura uterina e o peso da paciente, auscultar os batimentos cardíacos fetais e mensurar a pressão arterial. Deve-se avaliar também o mamilo para lactação.

Todas as informações colhidas ao longo de cada consulta pré-natal devem servir para atualizar o Cartão da Gestante e a Ficha Pré-Natal, que também precisam ser revisados a cada atendimento.

Quais exames devem ser solicitados na consulta?

Primeiro trimestre

Durante a primeira consulta pré-natal são solicitados exames de tipagem sanguínea, fator Rh e Coombs indireto (caso o fator Rh seja negativo), a fim de identificar a incompatibilidade entre o sistema Rh da mãe (Rh-) e do feto (Rh+).

Além da sorologia para doenças como hepatite B e C, toxoplasmose, HIV, rubéola, e citomegalovírus. E ainda, exame de urina e urocultura, hemograma completo e glicemia de jejum.

Caso haja indicação clínica é possível pedir o exame de secreção vaginal e parasitológico de fezes.  

A ultrassonografia obstétrica deve ser solicitada para determinar a idade gestacional, se o desenvolvimento fetal está sendo realmente no útero e se são gêmeos ou não.

Em pacientes negras, que apresentem anemia crônica ou história familiar de anemia falciforme é preciso pedir a eletroforese de hemoglobina.

Para as gestantes entre 11 semanas e 3 dias e 13 semanas e 6 dias deve ser realizada a ultrassonografia morfológica do primeiro trimestre, para saber se há chances de o feto desenvolver alguma síndrome cromossômica, como a Síndrome de Down.

Segundo trimestre

Entre 20 e 24 semanas é realizada outra morfológica, mas com o intuito de verificar a presença de malformação fetal (fenda labial ou anomalias congênitas cardíacas).

Neste trimestre também é realizado o teste de tolerância oral à glicose 75 mg, em pacientes, avaliadas previamente, com glicemia em jejum normal.

Ele é feito para avaliar a possibilidade de diabetes gestacional e a recomendação é de que seja feito entre 24 e 28 semanas.

Terceiro trimestre

No terceiro e último trimestre deve-se repetir o hemograma e algumas sorologias: sífilis, HIV, hepatites B e C e toxoplasmose.

Para mais, entre 35 e 37 semanas é feita a busca pela bactéria streptococo do grupo B, que pode ser transmitida da gestante para o feto durante o parto normal.

Qual a importância do pré-natal?

O acesso ao pré-natal reduz significativamente as possíveis intercorrências obstétricas, além de ser considerado um indicador do prognóstico do nascimento, já que o bebê é acompanhado durante toda sua vida intra-uterina.

Ele é importante para fazer o diagnóstico precoce de possíveis alterações (pré-eclâmpsia, malformações, anemias, localização da placenta) que estejam evoluindo de maneira silenciosa, e, dessa forma, permitir realização das intervenções necessárias.

Sendo assim, permite o desenvolvimento saudável do bebê e diminui os riscos das gestantes.

Perguntas frequentes (Guia Rápido)

Quando o pré-natal começa?

O acompanhamento pré-natal deve iniciar assim que a mulher descobre a gravidez. Com isso, o ideal é que o primeiro atendimento ocorra até a 12ª semana gestacional (3 meses).

Quando termina o pré-natal?

Ele só termina a partir da primeira consulta de puerpério, que deve ocorrer 42 dias após o parto.

Conclusão

O pré-natal é de extrema importância para que a gestação flua sem nenhuma intercorrência e se houver, ele permite a identificação precoce e a intervenção adequada.

Para isso, devem ser feitos exames físicos, ginecológicos e obstétricos e exames complementares como a tipagem sanguínea e a sorologia para doenças com transmissão transplacentária.

As mulheres devem ter um atendimento humanizado, feito por uma equipe de saúde comprometida e qualificada, para que os seus objetivos sejam cumpridos.

Desse modo, conhecer como proceder no acompanhamento de baixo risco contribui para a diminuição da mortalidade materna e infantil, já que possibilita o desenvolvimento saudável do feto.

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