A tireoide é uma glândula localizada logo abaixo da laringe, situando-se anterior e lateralmente à traqueia. Ela é estimulada pela hipófise anterior, através do TSH (hormônio tireoestimulante) para produzir a tiroxina (T4).
Essa representa 93% dos hormônios metabolicamente ativos produzidos pela glândula. E ainda, a tri-iodotironina (T3), é fabricado em menor quantidade. Por isso, a T3 é encontrada em menor concentração no plasma sanguíneo.
Para produzir seus hormônios, a tireoide necessita de iodo, mais especificamente de pelo menos 50mg/ano. Isso porque as células da glândula secretam a tireoglobulina, uma glicoproteína que contém diversos aminoácidos tirosina.
Esses aminoácidos precisam ligar-se ao iodo para produzir T3 e T4 e, por isso, a deficiência desse micronutriente pode levar ao hipotireoidismo. Além disso, para atuarem em seus sítios de ação, eles precisam ser transportados até os tecidos.
Assim, são “carregados” pela globulina de ligação da tiroxina: uma proteína plasmática produzida pelo fígado. Ela apresenta maior afinidade com T4 e, por isso, esse hormônio é liberado lentamente após sua produção, em aproximadamente seis dias.
Já com a tri-iodotironina, a ligação com a proteína plasmática apresenta menor afinidade. Por isso, ela é liberada cerca de um dia após sua produção. Assim, a atuação desses hormônios no organismo apresenta grande tempo de latência e aumento prolongado de ação. Observe o gráfico abaixo.
Ademais, é importante enfatizar que grande parte da tiroxina é convertida em tri-iodotironina para atuar nos tecidos. E mais, ambos podem ser armazenados por longos períodos. Portanto, os efeitos fisiológicos de suas deficiências apenas serão percebidos 2 a 3 meses após a produção cessar.
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Quais são as funções fisiológicas da T3 e T4?
Os hormônios T3 e T4 intensificam a atividade funcional do organismo através do aumento da transcrição de genes. Para mais, ampliam a atividade metabólica das células entre 60% e 100% de seu valor basal. E, aumentam o número e a atividade das mitocôndrias, fornecendo mais energia para as funções celulares.
Além do mais, promovem o aumento a atividade da bomba de sódio e potássio (Na⁺/ K⁺ ATPase). Como essa proteína transmembrana libera calor ao converter a energia que precisa para realizar a troca desses íons, a temperatura corporal aumenta.
Em resposta a essa temperatura elevada, esses hormônios também estimulam a vasodilatação. Tendo como consequência o aumento do fluxo sanguíneo e do débito cardíaco, que ocorre devido a maior demanda de oxigênio, causada pelo aumento do metabolismo basal.
Além disso, a tri-iodotironina e a tiroxina promovem a glicólise, a gliconeogênese e a secreção de insulina. Bem como a diminuição do colesterol, fosfolipídios e triglicerídeos plasmáticos.
A T3 e T4 também estimulam a atividade das sinapses neurais em áreas medulares que controlam a atividade muscular. Assim, promovem uma contração mais vigorosa dos músculos, mas também podem provocar um tremor muscular leve. Também promovem o aumento da motilidade intestinal.
Como diferenciar os sinais e sintomas do hipertireoidismo e do hipotireoidismo?
Hipertireoidismo
A doença mais comum que cursa com hipertireoidismo é a doença de Graves. Sendo de etiologia autoimune e cursando com produção de anticorpos chamados de imunoglobulinas estimulantes da tireoide (TSI).
O TSI liga-se aos receptores das células produtoras dos hormônios T3 e T4, provocando uma hiperplasia da glândula, que cursa com secreção excessiva desses hormônios.
A fraqueza muscular, bem como a perda de peso características, ocorrem pelo catabolismo excessivo devido ao aumento do metabolismo basal. Já a fadiga extrema associada à insônia ocorre pelo aumento exaustivo das atividades neurais.
Hipotireoidismo
As principais doenças representantes do hipotireoidismo são a doença de Hashimoto e o bócio endêmico.
Doença de Hashimoto
Assim como a de doença de Graves, é de etiologia autoimune. Nesse caso, os anticorpos produzidos destroem a glândula ao invés de estimulá-la, provocando um processo inflamatório que culmina com a fibrose.
Bócio endêmico
Nesta doença há carência de iodo que, como visto anteriormente, é fundamental para a produção dos hormônios. Assim, há produção excessiva de TSH, provocando hiperestimulação dos tecidos da tireoide sem, entretanto, haver produção da T3 e T4.
Fonte:
- HALL, John E. Tratado de Fisiologia Médica. 13ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan Ltda, 2021.