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Publicado em
28/5/21

Flashcards: O que são e como usá-los para passar em provas?

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Flashcards: O que são e como usá-los para passar em provas?

Flashcards são um método mnemônico – ou seja, um método de memorização – baseado na metacognição.

Esta, por sua vez, consiste na capacidade do estudante de monitorar seus próprios processos de aprendizagem.

O estudo por eles possui eficácia comprovada, principalmente quando associado a outro método, chamado repetição espaçada.

Mas no que tudo isso consiste? Simples: flashcards são pequenos cartões de memorização rápida que podemos criar manualmente, tanto com cartolina ou papel quanto em meios digitais.

Pessoalmente, prefiro e recomendo os cartões digitais pelo benefício de poder carregar todo o conteúdo que preciso memorizar e revisar em meu smartphone.

Cada deck (“baralho"), ou seja, conjunto de flashcards, idealmente deve conter informações a respeito de um único tema, uma vez que a mistura de temas tende a causar confusão.

Por outro lado, criar muitos decks (e dividir um único tema em decks diferentes, contendo subtópicos) pode diluir o propósito do método.

Dessa forma, o melhor a se fazer é adicioná-los ao mesmo deck conforme formos aprendendo informações adicionais a respeito do tema.

Por exemplo: podemos criar um conjunto chamado “cardiologia”, outro chamado “pneumologia" e assim por diante.

Hoje você estudou insuficiência cardíaca congestiva; no dia seguinte, hipertensão. Tudo bem. É só aumentar o número de flashcards dentro do deck de cardiologia.

No vídeo abaixo você poderá conferir ótimas recomendações para se motivar a estudar durante a quarentena. Não deixe de assistir!

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Por que os flashcards são indicados para quem quer passar na prova de residência médica?

Simples. O conteúdo médico é extremamente dependente da memorização.

Mesmo que as questões da prova envolvam raciocínio, a base sobre a qual você construirá esse raciocínio precisa estar na sua memória.

Então chegamos na faculdade de medicina e topamos com um dos primeiros módulos: anatomia.

E, talvez, pela primeira vez na vida, nos damos conta de que dependemos muito da memorização — por vezes mais do que da compreensão.

Por mais que tentemos entender a fisiologia do polígono de Willis, ainda precisamos memorizar o nome das artérias que o compõem.

Medicina é um curso recheado de assuntos conceituais — aqueles engenhosos, onde a compreensão é a base do aprendizado e faz toda a diferença.

Como exemplo, temos a fisiologia durante o ciclo básico, e a nefro ou cardiologia no profissionalizante.

Tentar decorar o sistema renina-angiotensina-aldosterona sem entender como ele funciona é uma tarefa infrutífera.

Afinal, trata-se de um ciclo que envolve lógica. Precisamos entender profundamente as informações desse tipo antes de tentar memorizar suas minúcias.

Do contrário, esqueceremos o conceito em pouco tempo — pois ele é complexo e guiado por uma lógica.

Mas o conceito que afirma “uma vez que você entende, nunca mais precisa decorar” simplesmente não é verdade.

Mesmo quando entendemos profundamente o conceito de um sistema e de seu funcionamento, alguns detalhes importantes precisam ser memorizados.

Dessa forma, a maneira mais eficaz de conseguir o melhor desempenho possível em uma prova (e também na prática médica) é harmonizando memória e compreensão.

Em anatomia, compreender a relação entre os diferentes órgãos e sistemas do corpo humano nos ajuda a criar um mapa mental do que é mais importante.

Ajuda a formar uma base para o estudo mais detalhado. Mas, no fim do dia, ainda precisamos saber o nome dos ramos da carótida externa.

Para essa segunda tarefa, métodos mnemônicos nos levarão muito mais longe do que a simples compreensão.

Alunos diferentes requerem aproximações diferentes ao estudo. Da mesma forma, áreas de conhecimento diferentes requerem métodos de estudo diferentes.

Como já citado acima, aprender a anatomia humana — importante para quem vai focar em cirurgia, por exemplo — se apoia muito mais em métodos mnemônicos do que em compreensão. Ao passo que aprender nefrologia depende muito mais da compreensão, uma vez que tentar memorizar informações soltas nesse assunto tem pouca utilidade caso não haja uma base sólida de entendimento.

Como estudar por meio de flashcards? Confira 4 dicas infalíveis:

Use um esquema de cores

O flashcard é um método mnemônico altamente visual. Usar cores fortes e chamativas na representação de conceitos pode nos ajudar a memorizá-los visualmente. Seja criativo.

Monte flashcards curtos e diretos

O ideal é que cada card contenha apenas uma ideia principal. Colocar informações excessivas acaba diluindo o poder do método, uma vez que para explicações elaboradas nós já temos as aulas e os livros.

Lembre-se que o assunto já deve ter sido estudado previamente, a função dos cards é te ajudar a gravar os pontos-chave na memória.

Organize seu horário e tenha uma tabela de revisão

Primeiramente: se possível, use seus flashcards todos os dias. Um método fundamental dentro da utilização deles é a repetição espaçada.

Ela funciona mais ou menos assim: após aprender um conteúdo, precisamos revisá-lo em intervalos que devem ser curtos no início e ficarem progressivamente mais longos.

A maioria dos cursinhos para residência já possui esse tipo de revisão, mas você pode fazer a sua própria.

Por exemplo: após a aula e a criação dos cards, reveja o tema dentro de uma hora. Depois, dentro de seis horas. Depois, no dia seguinte. E dali a três dias. E assim por diante. 
Não há um ciclo definido — o ideal é que cada aluno crie o seu.

Escolha uma ferramenta para criar seus flashcards

Há muitos tipos de cards que podemos criar. Alguns softwares — como o Anki, um dos meus favoritos — possuem cards online prontos por assunto.

Por ser um software open source, ele já possui flashcards especialmente desenvolvidos para médicos e estudantes de medicina prontos. Logo, os assuntos já estão todos lá.

Podemos, também, comprá-los prontos. Diversos sites vendem cards prontos, separados por tema, exclusivamente para o curso de medicina.

Recomendo, porém, que sempre criemos os nossos próprios, pelo seguinte motivo: o processo de criação é uma forma de memorização ativa.

Enquanto criamos, estamos memorizando também. Além disso, memorizar suas próprias palavras é muito mais eficaz do que as palavras de outra pessoa.

No caso acima, por exemplo, você memorizaria as palavras escritas por quem já usou o software antes.

Dentro dos tipos, gostaria de destacar o método cloze deletion (assim mesmo, com “z”). Esse tipo de cartão possui mini-textos e, dentro deles, frases com informações omissas, faltando palavras, expressões-chave.

Na parte de trás do cartão, ficam as respostas. Esse é, de longe, o tipo de flashcard mais utilizado por especialistas em métodos mnemônicos.

Você não precisa necessariamente softwares como o Anki ou como o Quizlet (eles apenas são dois dos mais populares).

Dá pra criar cartões assim até em aplicativos de anotação ou mesmo em cartolina, manualmente. O software apenas facilita nossa vida. Podemos fazer cartões de perguntas e respostas, cartões com imagens — qualquer tipo que não seja apenas uma informação a ser lida.

A parte mais importante é usar seu active recalling, ou seja, o esforço para recordar algo já estudado.

Conclusão: Afinal, os flashcards para revisão das provas da residência médica valem a pena ou não?

SIM. Além de possuírem elementos claramente vantajosos em comparação a outros métodos – como a portabilidade, por exemplo, que possibilita que você os acesse a qualquer hora e em qualquer lugar –, eles são extremamente eficazes para a finalidade com que foram desenvolvidos.

É importante lembrar, porém, que eles não substituem uma boa base teórica – esta que é construída através de anos de estudo, prática, aulas e leitura de livros.

Não espere milagre. Essa é uma ferramenta que acrescenta ao seu estudo e afia sua memória, podendo assim ter um grande impacto no seu desempenho nas provas.

Aliada a uma boa base teórica, pode ser a ferramenta que fará a diferença entre a sua aprovação ou mais um ano de estudo.