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Publicado em
20/11/20

Como é o dia a dia de um residente de cardiologia?

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Como é o dia a dia de um residente de cardiologia?

Entre as 10 especialidades mais procuradas pelos residentes,a cardiologia fica em 8º lugar na busca.

Para falar com mais detalhes sobre a realidade de um residente na área, entramos em contato com Lucas Reis da costa, R2 de Cardiologia Geral no Pronto Socorro Cardiológico Universitário da Universidade de Pernambuco (Procape/UPE), e ele nos contou um pouco do funcionamento de onde está alocado, aqui em Recife, capital pernambucana.

O que é a cardiologia?

A cardiologia é a área que estuda, diagnostica e trata as doenças relacionadas ao coração. Essa é uma das especialidades médicas mais conhecidas e uma das mais concorridas no mercado brasileiro. Visto que as doenças cardíacas são as principais causas de morte no mundo  e estão cada vez mais complexas, atingindo pessoas de todas as idades, essa especialidade vem se tornando cada vez mais importante.

O profissional da área, conhecido como cardiologista, é o médico especialista em cardiologia, dedicado a estudar, realizar consultas, indicar tratamentos e medicações, e corrigir as doenças que estão relacionadas ao sistema cardiovascular e circulatório. Ele também pode realizar e interpretar exames como eletrocardiogramas e ecocardiogramas.

Quais as formas de ingresso?

O ingresso é anual, com disponibilização de 40 vagas e com duração de dois anos. Em Pernambuco é através de prova de seleção, mas até uns dois anos atrás, existia especialização de cardio, na qual o residente entrava diretamente, sem ter como pré-requisito clínica médica. Talvez alguns hospitais ainda funcionem sem essa prerrogativa.

Opções de hospitais com essa especialidade em Recife: Procape, Hospital Agamenon Magalhães, Hospital das Clínicas, Dom Helder Câmara e IMIP.

Como está sendo a sua experiência desde o ingresso?

Não é um residência tranquila, é puxada! Durante o período, quase não se tem tempo livre, mas se tivesse que escolher novamente, faria igual. Provavelmente termino no fim de fevereiro, sou suspeito pra falar, mas escolhi o Procape como minha primeira opção de residência, por ele ser o maior hospital Norte-Nordeste em cardiologia e por ter mais de 120 leitos com as mais diversas patologias cardíacas. Então ele é um hospital especializado e referência em cardiologia que atende a população do nosso Estado, em todos os níveis de assistência.

Qual a distribuição de plantões?

Sobre os plantões, existem os de emergência do próprio Procape, e os de enfermaria, acompanhando a evolução de pacientes, que ficou pendente pro final de semana. A carga horária média que temos, tanto no R1 quanto no R2, é de um plantão por semana, e de uma vez por final de semana, a cada 15 dias, variando entre plantão e evolução.

Como é o dia a dia real?

Muito corrido. Existe diferença entre os rodízios de quem está no primeiro ano R1 e no segundo R2. R1 é o grosso mesmo, na enfermaria, todos os dias de manhã, acompanhando a evolução dos pacientes com diversas patologias cardíacas, miocardiopatias, doença coronariana. À tarde, após evolução, temos as atividades do hospital, como ambulatório. Mas não são todos os residentes que participam, dois ficam no ambulatório de INR, os que sobrarem podem ter uma tarde livre pra descansar, estudar, usar o tempo como quiser. Já à noite, tem a divisão dos plantões, que é de um por semana e um plantão ou evolução no fim de semana, a cada 15 dias.Isso pode variar de acordo com a quantidade de residentes que estão disponíveis no mês, pois nem todos entram na escala de plantão, e pode acontecer de, em algum mês específico, no qual o residente já está na emergência ou uti coronariana, ele sair da escala de plantão. No R2, a quantidade de plantão permanece basicamente semelhante, a diferença é que ele não entra na escala do final de semana, então o rodízio fica um pouco mais leve, com um plantão à noite, por semana. É também no R2 um momento de desenvolver o manejo e entrarem contato com os ambulatórios de especialidades, como de válvula, cardiopatias na gestação, de arritmias, hipertensão pulmonar, entre outros. Enquanto no R1 o contato é com ambulatório mais geral.

Remuneração?

Uma bolsa de residência, em torno de 3 mil, mas existe uma briga pelo aumento dela, tendo em vista que não é suficiente para manter um residente, e devido a isso, muitos buscam trabalho por fora, para complementar a renda. Já que muitos deles já vêm de 2 anos de clínica médica, são mais velhos, com filhos e outras responsabilidades financeiras.

Mercado de trabalho: acessível?

Após o término de cardiologia geral, grande parte dos residentes fazem o R3, e pode ser em ecocardiografia, cateterismo, arritmia, fellow em insuficiência cardíaca e transplante cardíaco (este ainda não está disponível em Recife, mas em outros estados), também existem cursos de teste ergométrico, para profissionais que queiram viver desse nicho. O bom da cardiologia é que se você não quiser trabalhar apenas com a geral, existe uma diversidade de métodos, como ressonância cardíaca,cintilografia, para se enquadrar após a residência inicial.

Conclusão

Caso você queira trabalhar só com cardiologia geral, no início é complicado já ter consultório lotado,sendo assim, provavelmente terá que continuar trabalhando como plantonista por um período, até se estabelecer no mercado. Mas há espaço para todos, no entanto,quanto mais se diversificar, trabalhar em cima de algum método, talvez não fique tão engessado na geral.