Dentro do campo da reumatologia, a Doença Mista do Tecido Conjuntivo pode se apresentar como um desafio de identificação perante sua infinidade de possíveis quadros clínicos, sinais e sintomas, visto que pode abranger os mais diversos sistemas. Em seu estudo, realizar o diagnóstico diferencial com outras condições é de extrema importância! Vamos entender como se dá essa condição rica em detalhes e achados.
O que é a doença mista do tecido conjuntivo?
A Doença Mista do Tecido Conjuntivo (DMTC) é uma condição reumatológica autoimune rara caracterizada pela sobreposição de pelo menos duas doenças do tecido conjuntivo, como lúpus eritematoso sistêmico, esclerose sistêmica, polimiosite, dermatomiosite e artrite reumatoide, juntamente com a presença do anticorpo anti-U1-ribonucleoproteína (anti-U1-RNP).

A DMTC também apresenta uma série de manifestações clínicas, laboratoriais e complicações marcantes, incluindo fenômeno de Raynaud, edema das mãos, artrite, aterosclerose, dismotilidade esofágica, miosite e fibrose pulmonar. Além de algumas outras como hipertensão pulmonar, meningite asséptica e neuralgia trigeminal.
Causas da doença mista do tecido conjuntivo
A causa da Doença Mista do Tecido Conjuntivo ainda não é totalmente clara, mas acredita-se que envolva uma ativação imunológica crônica após uma exposição a gatilhos ambientais inespecíficos em indivíduos com predisposição genética. A produção de autoanticorpos, incluindo o anti-U1-ribonucleoproteína (anti-U1-RNP), pode ser determinada geneticamente por grupos de células T restritas ao antígeno leucocitário humano (HLA).
O sistema imunológico inato e adaptativo são envolvidos, com evidências de ativação de células imunes inatas, hiperatividade de células B, ativação anormal de células T e defeitos na depuração de células apoptóticas e complexos imunes.
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Quais os sintomas?

A apresentação clínica da Doença Mista do Tecido Conjuntivo é muito variada e pode incluir acometimentos nos mais diversos órgãos e sistemas. Os sintomas iniciais geralmente são inespecíficos e incluem artralgia, mal-estar, mialgia e febre baixa. Os sintomas cutâneos comuns incluem o fenômeno de Raynaud, edema das mãos, acroesclerose, telangiectasia e vasculite digital.

A DMTC pode apresentar manifestações articulares semelhantes à artrite reumatoide e miosite inflamatória semelhante à polimiosite. Manifestações pulmonares, cardíacas, renais, neurológicas e gastrointestinais também são comuns. Elas incluem hipertensão arterial pulmonar, pericardite, nefropatia membranosa, envolvimento neurológico leve e hipomotilidade esofágica. Além disso, anemia, leucopenia e trombocitopenia são frequentemente observadas.

Essa doença pode ser caracterizada por diferentes subgrupos clínicos, incluindo aqueles com predominância de manifestações vasculares, como fenômeno de Raynaud e hipertensão arterial pulmonar; aqueles com características semelhantes à polimiosite, como doença intersticial pulmonar e dismotilidade esofágica, e aqueles com poliartrite erosiva e esclerodactilia. Vamos ter uma compreensão abrangente dos achados clínicos divididos por órgãos e sistemas:
Como estabelecer o diagnóstico?
Para diagnosticar a Doença Mista do Tecido Conjuntivo (DMTC), é necessário reconhecer características clínicas similares às observadas no lúpus eritematoso sistêmico (LES), esclerose sistêmica, polimiosite/dermatomiosite ou artrite reumatoide (AR), juntamente com a presença de anticorpos anti-U1 snRNP no sangue periférico. Os critérios diagnósticos, incluindo os de Alarcón-Segovia e Kasukawa, orientam o processo de avaliação.
Estudos laboratoriais revelam anemia, leucopenia, hipergamaglobulinemia e elevação de enzimas musculares. Estudos de imagem, como radiografia de tórax e tomografia computadorizada, auxiliam na avaliação do comprometimento de órgãos, como infiltrados pulmonares, cardiomegalia, erosões articulares e hipertensão pulmonar. Por fim, é importante reiterar a necessidade dos achados clínicos de sinais e sintomas citados anteriormente para a determinação diagnóstica.
Tratamento para a doença mista do tecido conjuntivo
O tratamento da Doença Mista do Tecido Conjuntivo é direcionado para controlar os sintomas e tratar o envolvimento de órgãos específicos. A abordagem terapêutica é baseada em estudos de casos e em evidências de outras doenças do tecido conjuntivo. O tratamento é individualizado, considerando os órgãos afetados e a gravidade da atividade da doença.
Conclusão
A Doença Mista do Tecido Conjuntivo é uma condição desafiadora, caracterizada pela sobreposição de múltiplas doenças do tecido conjuntivo. Apesar da complexidade no diagnóstico, o tratamento se baseia no manejo dos sinais e sintomas clínicos identificáveis ao exame físico e exames complementares. O acompanhamento regular e a adaptação do tratamento conforme a evolução da doença são essenciais para otimizar os resultados clínicos.
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