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Publicado em
12/3/25

Síndrome do choque tóxico: sintomas e diagnóstico preciso

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Síndrome do choque tóxico: sintomas e diagnóstico preciso

A Síndrome do Choque Tóxico é uma doença rara, porém com potencial letal caso mal manejada. Seu mecanismo envolve a desregulação do sistema imunológico perante um agente estressor. Vamos entender mais dessa condição?

O que é síndrome do choque tóxico? Conceitos fundamentais para sua prática médica

A Síndrome do Choque Tóxico é uma doença aguda que se caracteriza por febre alta, hipotensão, erupção cutânea semelhante a uma queimadura de primeiro grau e danos a múltiplos órgãos. Essa síndrome foi inicialmente associada ao uso de absorventes internos mas, ao longo do tempo, observou-se que também pode ocorrer em situações como em infecções pós-operatórias, queimaduras, e presença de corpos estranhos, como cateteres ou outras infecções de pele.

A SCT é uma condição rara, com uma incidência estimada de 0,8 a 3,4 casos por 100.000 pessoas nos Estados Unidos. No Brasil, embora a incidência exata não seja amplamente conhecida, a doença ainda é considerada pouco frequente, mas com potencial de causar complicações graves se não diagnosticada e tratada precocemente.

Evite erros no diagnóstico! Compreenda as causas

A Síndrome do Choque Tóxico é causada principalmente por Staphylococcus aureus e Streptococcus pyogenes, que produzem superantígenos, como a TSST-1, que são responsáveis pela hiperativação imunológica. Esses superantígenos se ligam diretamente a células T, desencadeando uma resposta inflamatória descontrolada, com liberação de citocinas como IL-1, TNF-alfa e interferon-gama. Essa resposta é responsável pelos achados clínicos.

As cepas de Staphylococcus aureus podem ser sensíveis ou resistentes à meticilina (MSSA e MRSA), sendo as cepas resistentes também capazes de produzir toxinas associadas à síndrome. O impacto dessas toxinas é amplificado pela resposta imunológica desregulada, resultando em uma síndrome potencialmente fatal se não tratada rapidamente.

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A Síndrome do Choque Tóxico se apresenta tipicamente com um início rápido de febre, erupção cutânea e hipotensão. Inicialmente, os pacientes podem apresentar sintomas prodrômicos como febre, calafrios, náuseas, vômitos, mialgias, cefaleia e odinofagia. Em seguida, a condição evolui rapidamente para sepse e falência de órgãos. 

Manifestações cutâneas

O quadro clínico inclui uma erupção cutânea macular difusa e eritematosa, que pode iniciar após uma ou duas semanas, especialmente nas palmas das mãos e solas dos pés. Essa erupção pode ser precedida por um rash transitório, principalmente no tórax, que se torna mais grave e pode evoluir para o descamamento da pele.

Toxic Shock Syndrome
Eritema descamativo na Síndrome do Choque Tóxico. Fonte: Rehman Medical Institute

Outros sinais epiteliais podem incluir edema não-compressivo, hemorragia conjuntival e envolvimento mucoso, como hiperemia vaginal e orofaríngea. Nos casos mais graves, podem ocorrer úlceras superficiais nas mucosas, petéquias, vesículas e bolhas.

Manifestações sistêmicas graves

Além das manifestações cutâneas, a Síndrome do Choque Tóxico é acompanhada por manifestações sistêmicas graves. A hipotensão é um sinal característico e pode ser resistente a grandes volumes de fluidos intravenosos, levando à isquemia tecidual e falência orgânica. Os pacientes também podem apresentar sintomas gastrointestinais como dor abdominal, vômitos e diarreia aquosa, além de mialgias difusas e fraqueza muscular, com aumento dos níveis de creatina quinase.

A Síndrome do Choque Tóxico também pode causar alterações hematológicas, como trombocitopenia, anemia e distúrbios de coagulação, incluindo coagulação intravascular disseminada (CIVD), o que pode levar a sangramentos. Além disso, os pacientes podem desenvolver sintomas neurológicos, como desorientação, confusão, sonolência, irritabilidade, agitação e até alucinações. Em casos mais graves, pode haver edema cerebral e outras alterações no sistema nervoso central. 

A síndrome pode também envolver o sistema respiratório, com edema pulmonar e derrame pleural, além de comprometimento cardíaco, como miocardiopatia. Em pacientes com AIDS, a SCT pode se apresentar de forma subaguda, com eritema persistente, descamação, febre e hipotensão recorrentes por semanas. O quadro clínico é grave e exige diagnóstico precoce e tratamento imediato para evitar complicações fatais.

Como diagnosticar a síndrome do choque tóxico com precisão?

O diagnóstico da Síndrome do Choque Tóxico é clínico e baseia-se na combinação de sinais e sintomas, sem um teste específico. Exames laboratoriais são importantes para complementar a investigação, incluindo hemograma, painel metabólico, creatina quinase (CK), e testes de coagulação. O diagnóstico é apoiado pela presença de critérios do CDC, como febre, erupção cutânea, hipotensão e envolvimento de múltiplos órgãos, como alterações nos níveis de creatinina, bilirrubina e plaquetas, além de alterações neurológicas e gastrointestinais.

A hipocalcemia grave é comum e deve ser corrigida, e exames microbiológicos, como culturas de sangue e outros locais suspeitos, são necessários para identificar a origem infecciosa. A punção lombar é indicada em casos com febre e alteração do estado mental, após avaliação da coagulação. O diagnóstico precoce é crucial para tratamento eficaz e prevenção de complicações graves. A disfunção renal é frequente, manifestando-se por elevação da ureia sérica e creatinina. 

Domine o tratamento e saia na frente na residência médica

O tratamento da síndrome do choque tóxico envolve uma abordagem agressiva, iniciando pela hidratação intravenosa com cristaloides para corrigir a hipotensão e restaurar o volume circulatório. Em casos de infecções de tecidos moles, como a fasciíte necrosante, é necessário identificar e tratar a origem da infecção rapidamente, realizando a remoção de qualquer material contaminado, como tampões menstruais ou tampões nasais em epistaxe.

Antibióticos de amplo espectro devem ser administrados imediatamente, preferencialmente após a coleta de culturas de sangue e de outras fontes suspeitas. Devido à prevalência de Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA), o antibiótico recomendado é a Vancomicina. A Clindamicina deve ser adicionada para suprimir a produção de toxinas, porém não deve ser utilizada isoladamente.

Após a identificação do organismo e a realização de testes de sensibilidade, os antibióticos podem ser ajustados. Para o estreptococo do grupo A (GAS), a penicilina é o antibiótico preferido, enquanto para o Staphylococcus aureus sensível à meticilina (MSSA), recomenda-se clindamicina com flucloxacilina ou um antibiótico beta-lactâmico resistente à beta-lactamase, como nafcilina. O tratamento com antibióticos deve durar de sete a 14 dias.

Em casos de choque refratário à reposição volêmica, os vasopressores devem ser administrados, sendo a noradrenalina a primeira escolha. A imunoglobulina intravenosa (IVIG) pode ser considerada se o choque não responder a fluidos e vasopressores.

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