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12/11/21

RPMO: O que é Rotura Prematura de Membranas Ovulares, causas, sintomas, diagnóstico e tratamento

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RPMO: O que é Rotura Prematura de Membranas Ovulares, causas, sintomas, diagnóstico e tratamento

A rotura prematura de membranas ovulares, abreviada como RPMO, é a ocorrência do rompimento das membranas durante a gestação – e consequente extravasamento do líquido amniótico – sem que tenha havido início o trabalho de parto.

A rotura prematura pode possuir várias causas, destacando-se entre elas: infecções, descolamento da placenta, incompetência istmocervical, polidrâmnio, gemelares, alteração na produção de colágeno, entre outras. 

Esta patologia é uma das causas importantes da ocorrência de partos prematuros, e é definida como RPMO pré-termo se ocorre antes da 37ª semana de gestação e a termo a partir dela.

De acordo com estudo da UFRJ, é responsável pela complicação de 8 a 10% das gestações a termo e 2% das gestações pré-termo, ao mesmo tempo que está associada a 40% dos partos prematuros e 18% das mortes perinatais.

O que é a rotura prematura de membranas ovulares (RPMO)?

O que é a rotura prematura de membranas ovulares (RPMO)?

 A, rotura ou ruptura prematura de membranas ovulares – também conhecida como amniorrexe prematura ou rotura da bolsa –, consiste no extravasamento do líquido amniótico antes do início do trabalho de parto.

Ela pode ocorrer a termo (≥ 37 semanas) ou pré-termo (< 37 semanas). 

A rotura da bolsa predispõe a gestante a um parto prematuro, sendo uma de suas grandes causas. Também predispõe à hipoplasia pulmonar, deformidade de membros, sequelas neurológicas e complicações infecciosas no feto – esta última também sendo um risco para a gestante.

Quais as causas de RPMO?

A rotura espontânea é a mais comum, e suas causas frequentemente envolvem:

  • Fatores mecânicos (ex.: polidrâmnio, gestação de gemelares);
  • Exposição da bolsa (ex.: incompetência istmocervical);
  • Alterações do colágeno;
  • Causas inflamatórias;
  • Causas infecciosas (ex.: infecção intrauterina por ascensão de patógenos vaginais).

Ela também pode ser causada por iatrogenia, em procedimentos cirúrgicos ou minimamente invasivos, como a amniocentese.

Como diagnosticar a RPMO?

Teste com papel de nitrazina

Trata-se de um papel amarelado que se torna azul caso o teste dê positivo (ou seja, confirme a rotura prematura).

O pH do líquido amniótico geralmente fica entre 7 e 7,3, contrastando com o pH ligeiramente ácido das secreções vaginais, que varia entre 4 e 4,5.

Se o pH medido for maior que 6, a probabilidade da presença de líquido amniótico é grande. O papel torna-se azul, demonstrando alcalinidade e ajudando a confirmar essa presença.

Teste de cristalização da secreção cervicovaginal

O teste da secreção cervicovaginal é um indicador menos confiável, mas ainda pode ajudar na pesquisa.

Se, quando analisada em lâmina no microscópio, houver formação de cristais em aspecto de samambaia, pode-se pensar em diagnóstico de bolsa rota prematuramente.

Realização da ultrassonografia

A USG auxilia o médico na aferição volumétrica do líquido amniótico – em caso de redução notável, podemos pensar em rotura prematura. 

Trata-se, porém, de um teste inespecífico que deve ser associado a uma boa anamnese, exame físico e exames complementares mais específicos.

Teste AmniSure

O AmniSure, conhecido como “teste rápido para bolsa rota”, pode ser adquirido em farmácias (mas não em postos da rede pública).

Ele utiliza o princípio da imunocromatografia para pesquisar a presença de uma proteína característica do líquido amniótico, a alfa-1 microglobulina placentária. Tem boa acurácia.

Como definir a conduta em caso de RPMO?

Como definir a conduta em caso de RPMO

Entre 22 e 24 semanas

Por tratar-se de um período muito delicado da gestação, a conduta é expectante – e pode-se oferecer à paciente a opção de término da gestação caso o prognóstico seja muito ruim.

O caso requer internação hospitalar imediata para hidratação intensa e reavaliação periódica do ILA (índice de líquido amniótico).

Se houver boa evolução, a partir de 72h o acompanhamento pode ser realizado ambulatorialmente, com antibioticoterapia profilática e repouso restrito ao leito.

Entre 24 e 33 semanas

Neste período o risco é menor, pois o feto já se encontra um pouco mais maduro. A conduta também é expectante e a paciente deve manter repouso relativo no leito, com acompanhamento ambulatorial constante.

Além da antibioticoterapia profilática, esse período também requer o início de um esquema de corticoterapia para a maturação pulmonar do feto.

Acima de 34 semanas

O parto deverá ser induzido com a ocitocina. Se já houver maturação cervical, o médico já poderá introduzir a ocitocina; se não houver, deverá antes da indução utilizar métodos de amadurecimento cervical.

Quais os tratamentos empregados na RPMO?

Antibioticoterapia profilática

Os antibióticos ajudam a reduzir o risco de infecções materno-fetais, podem prolongar o período de latência e, de forma geral, melhoram os resultados perinatais.

O esquema proposto pelo Ministério da Saúde preconiza o uso de ampicilina por 2 dias, seguida de amoxicilina por 5 dias e dose única de azitromicina.

Corticoides

A corticoterapia é utilizada para acelerar a maturação pulmonar do feto.

No caso de infecção confirmada, o uso de corticoides está proscrito. Porém, a partir da 24ª semana, caso não haja infecção, o Ministério da Saúde recomenda o emprego da beta ou dexametasona IM por 2 dias.

Sulfato de magnésio

Deve ser utilizado para neuroproteção do feto em todos os casos cuja idade gestacional seja menor que 32 semanas.

Quais as possíveis complicações fetais e neonatais na RPMO?

Hipoplasia pulmonar

É uma complicação tão comum quanto grave. Quanto menor a idade gestacional e maior a perda de líquido amniótico, mais altas são as chances do feto apresentar algum grau de hipoplasia pulmonar.

Prematuridade

Diversas complicações fetais são associadas à prematuridade, dentre elas a supracitada hipoplasia pulmonar.

Mais de 50% dos RNs prematuros devido à rotura prematura também apresentam doença da membrana hialina.

Infecções

É um dos maiores riscos quando tratamos de RPMO, pois o que mantém o feto livre de infecções ascendentes pelo canal vaginal são as membranas ovulares.Uma vez rompidas, o feto fica exposto a diversas infecções, principalmente à GBS (infecção por Streptococcus do grupo B).Por isso, a antibioticoterapia profilática sempre deverá ser realizada.

Quais as possíveis complicações maternas na RPMO?

A corioamnionite é a complicação materna mais comum. Em caso suspeito, o parto deverá ser priorizado a fim de preservar a saúde da gestante.

A conduta, neste caso, deve envolver antibioticoterapia, monitorização e estabilização materna.

Preconiza-se o parto vaginal (a cesariana devendo ser realizada apenas quando há indicação específica do obstetra).

Quais os critérios para interrupção de gestação quando detectada rotura prematura? 

  • Gestações até 20 e acima de 34 semanas;
  • Início espontâneo de trabalho de parto;
  • Comprometimento fetal;
  • Sinais de infecção e/ou corioamnionite: Febre ≥ 37,8ºC e a presença de pelo menos dois dos seguintes fatores:
  • FC materna > 100 bpm;
  • FC fetal > 160 bpm;
  • Leucocitose > 15.000 leucócitos/mL;
  • Cólica uterina;
  • Odor vaginal fétido.

Conclusão

A rotura prematura de membranas ovulares não é uma complicação rara – ocorre em aproximadamente 10% de todas as gestações.

Pode ter consequências graves tanto para o feto quanto para a gestante.

Portanto, é importante saber diagnosticá-la e conduzir corretamente o caso, embora certas condutas suscitem alguma discussão médica ainda, por tratar-se do tratamento de um binômio (materno-fetal).

A interrupção da gestação em casos de corioamnionite materna e sofrimento fetal sem bom prognóstico ainda é por vezes controversa, principalmente entre os pacientes, mesmo que já seja um ponto sem muita discussão dentro da academia.

Devemos, assim, além de conhecimento técnico, possuir muito tato e sensibilidade quando tratarmos desse assunto junto às pacientes e suas famílias.


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