Residência médica em Geriatria: rotina e mercado de trabalho

Você sabia que o número de idosos no Brasil alcançou um patamar recorde de 10,9% do total da população e a tendência é que esse número cresça ainda mais? O dado, coletado pelo IBGE, mostra que o país segue a tendência mundial de envelhecimento da população.

Assim, com o número de idosos aumentando expressivamente, também está aumentando a procura por médicos especializados nos cuidados desta população, o médico geriatra. Porém, você conhece essa especialização, quais suas áreas de atuação e perfil profissional? É disso que falaremos nesse texto, confira!

O que é a Geriatria?

A Geriatria é a especialidade médica responsável por cuidar das pessoas idosas, contando com uma equipe multidisciplinar, seu enfoque principal é na identificação, prevenção e tratamento das ocorrências decorrentes do envelhecimento. Assim, esse especialista é o clínico do idoso, ou de quem ainda não chegou aos 60 anos mas quer entender como envelhecer de maneira saudável.

A geriatria é uma especialização com uma área de atuação bastante ampla. Normalmente, o atendimento desses profissionais é feito de forma predominantemente ambulatorial para acompanhamento dos pacientes. É muito comum que o geriatra trabalhe junto com uma equipe multidisciplinar que pode contar, entre outras coisas, com fisioterapeutas, nutricionistas e psicólogos.

Qual o perfil dos geriatras no Brasil?

A pesquisa Demografia Médica 2023 da USP com a Associação Médica Brasileira trouxe um perfil dos 2.670 geriatras atualmente no país - número que representa 0,5% do total de médicos com alguma especialidade no Brasil. A Geriatria é a 7ª especialidade médica com maior presença feminina, 61,9% dos geriatras no país são mulheres, contra 38,1% de homens.

Além disso, a média de idade desse profissional é de 45 anos e eles residem em sua maioria nas capitais do sudeste brasileiro. Confira a distribuição geográfica completa abaixo:

58,9% dos formados em Geriatria residem no Sudeste;
14,4% no Sul;
16,2% no Nordeste;
8,4% no Centro-Oeste;
E 2% na região Norte.

Já a divisão por tipo de município é da seguinte forma:

65,8% desses profissionais residem em alguma capital brasileira;
28,6% em cidades do interior;
E 5,6 na região metropolitana.

Quais as características de um bom Geriatra?

Antes de tudo, o profissional que escolher se formar na residência médica em Geriatria deve, obviamente, gostar de trabalhar com o público idoso. A recomendação pode parecer óbvia, mas esses pacientes têm demandas e características distintas de outros perfis, por isso, é interessante conhecer e gostar dele.

O médico que escolher essa área também deve ter um perfil paciente e cuidadoso. Os atendimentos clínicos da área buscam compreender todo o histórico do paciente, muitas vezes lidando também com seus parentes. Além disso, deve ter atenção e respeito por situações comuns da idade como incontinência urinária e demência.

Como é a residência médica em Geriatria?

A residência médica em Geriatria tem duração de dois anos e possui pré-requisito em Clínica Médica, que também dura dois anos. Ao contrário de outras especialidades, essa residência costuma respeitar o limite de 60h por semana para os residentes e também raramente possui plantões (esses costumam ser concentrados no R1) ou carga horária noturna.

Uma vez que geriatras precisam ter conhecimento muito amplo da medicina, durante a residência é muito comum estágios em outras especialidades médicas como a enfermaria em Otorrinolaringologia, Oncologia, Medicina Paliativa ou Urologia. Além disso, essa residência costuma ter um perfil mais acadêmico, com muitas revisões de artigo, de casos e até mesmo alguns seminários.

A maior parte dos geriatras no Brasil são do sexo feminino — A maior parte dos geriatras no Brasil são mulheres. Foto: Reprodução/Shutterstock

Segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), atualmente 13 estados e o Distrito Federal contam com, ao todo, 416 vagas para residência médica em Geriatria. Confira a lista de estados que oferecem a especialidade:

Região Norte:

Rondônia.

Região Nordeste:

Pernambuco;
Piauí;
Ceará;
Alagoas;
Bahia.

Região Centro-Oeste

Distrito Federal;
Goiás;
Mato Grosso.

Região Sudeste

Espírito Santo;
Rio de Janeiro;
São Paulo;
Minas Gerais.

Região Sul

Paraná;
Rio Grande do Sul.

No site da SBGG você também pode conferir a lista completa com as instituições que fornecem a residência.

A matriz curricular da residência médica em Geriatria, produzida pelo Ministério da Educação, mostra quais conhecimentos o residente deve dominar ao fim de cada ano da especialização.

O que devo saber ao fim do primeiro ano em Geriatria?

Analisar a influência das condições sociais, familiares, psicológicas e culturais sobre o estado de saúde dos idosos;
Avaliar as grandes Síndromes Geriátricas: insuficiência cognitiva, imobilidade, instabilidade postural e quedas, incontinências, iatrogenia, suas causas e consequências;
Atuar em equipe inter e multiprofissional, reconhecendo a importância da assistência multidimensional no cuidado do idoso;
Avaliar os fatores de risco que predispõem a institucionalização de idosos;
Identificar sinais de maus tratos e violência contra a pessoa idosa, notificar as autoridades e órgãos competentes, além de manejar clinicamente os efeitos da violência.

O que devo saber ao fim do segundo ano em Geriatria?

Dominar o processo de desospitalização e indicar os cuidados de transição;
Dominar programas de promoção, prevenção e avaliação periódica de saúde para envelhecimento saudável;
Manejar os diferentes sintomas do paciente sem perspectiva de cura, indicando e estabelecendo plano de Cuidados Paliativo, além de conhecer e aplicar protocolo de comunicação de más notícias, SPIKES;
Avaliar e manejar os pacientes que necessitam de Cuidados Paliativos, identificando suas necessidades físicas, psicológicas, espirituais e sociais, além das necessidades de seus familiares;
Analisar a legislação vigente com relação à curatela e a interdição nas situações indicadas nos idosos, bem como produzir laudo médico destinado a essas finalidades.

O que estudar para ser um residente em Geriatria?

Como dito, a residência médica em Geriatria possui pré-requisito em Clínica Médica. Assim, quem sonha em se tornar um médico geriatra deverá se preparar para fazer uma prova de residência médica com questões sobre essa especialidade. Pensando nisso, o Eu Médico Residente criou o Preparatório R + Clínica Médica para quem deseja ser aprovado em uma subespecialidade da área.

Além de um conteúdo direcionado para o que realmente cai nas principais provas de residência médica, a nossa plataforma possui ferramentas exclusivas para te ajudar no caminho até a aprovação, como o MedTrack, inteligência artificial do Eu Médico Residente que forma trilhas de estudo personalizada para a sua necessidade. Venha conhecer e garantir a sua aprovação!

Como funciona a rotina profissional do Geriatra?

A rotina profissional do geriatra pode ser muito variada, uma vez que o campo de atuação da área é amplo. Esses profissionais estão habilitados para trabalhar em hospitais, podendo acompanhar até pacientes em tratamento intensivo, clínicas, prestar atendimento domiciliar, cuidados paliativos ou em instituições de longa permanência. Ademais, é possível se concentrar em uma das áreas de atuação através de um fellowship. Confira abaixo alguma das áreas de atuação da Geriatria:

Cardiologia geriátrica;
Neuropsiquiatria geriátrica;
Assistência domiciliar geriátrica;
Cuidados paliativos em geriatria;
Instituição de longa permanência geriátrica.

Mercado de trabalho e salário

Segundo dados da plataforma Salario.com com informações coletadas do Novo CAGED, eSocial e Empregador Web, o salário de um médico geriatra é de R$9.361,64 para uma jornada de trabalho de 24 horas semanais. Vale lembrar que o valor final costuma ser bem maior, já que o salário pode variar conforme especialização, localidade e número de horas trabalhadas.

Devido ao envelhecimento da população esse especialista vem sendo mais procurado e o número de médicos que possuem interesse na área também está crescendo. Segundo a Demografia Médica 2023 entre 2012 e 2022, o número de especialistas foi de 1.149 para 2.670, um salto de 132,4% - apesar disso o número de profissionais segue longe do ideal de um geriatra para cada mil habitantes.

Para mais, a pesquisa também mostrou que mais da metade desses profissionais estão localizados na região sudeste, enquanto a norte possui apenas 2% dos médicos geriatras do país. Com o rápido envelhecimento da população somado ao baixo e mal distribuído número de especialistas no país, o mercado de trabalho para médicos geriatras está em expansão, procurando novos especialistas.

Conclusão

A geriatria é uma área com grande potencial de expansão no país, com baixo número de profissionais e o número de pacientes atendendo ao perfil crescente. Para se tornar um geriatra é necessário ter concluído especialização em clínica médica e gostar de trabalhar com o público idoso. E aí… Acha que essa é uma área que você gostaria de especializar? Você pode continuar lendo sobre outras especialidades, aqui no nosso blog.

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