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Publicado em
10/5/25

Rotura de vasa prévia: o que médicos precisam saber

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Rotura de vasa prévia: o que médicos precisam saber

A Rotura de Vasa Prévia é uma complicação obstétrica gravíssima, a qual leva à perda sanguínea fetal em pouco espaço de tempo. Essa é uma condição de extremo risco, visto a baixa reserva sanguínea e funcional de um feto. Felizmente, é uma situação que não ocorre frequentemente. Apesar disso, devido à sua importância clínica, deve ser bem estudada para a sua rápida identificação! 

Rotura de vasa prévia: entenda essa emergência obstétrica rara  

A Vasa prévia é uma condição em que vasos sanguíneos fetais atravessam as membranas amnióticas na região do orifício cervical interno. Esses vasos não estão envoltos pela geleia de Wharton, a qual tem a função de amortecimento e proteção contra lesões mecânicas. Já Rotura de Vasa Prévia refere-se à interrupção ou laceração dos vasos sanguíneos ao nível das membranas, com perda direta de sangue da circulação fetal para a cavidade amniótica.

A classificação da vasa prévia é dividida em:

  • Tipo I: quando há inserção velamentosa do cordão umbilical diretamente nas membranas;
  • Tipo II: quando vasos sanguíneos fetais se estendem entre lobos placentários acessórios, como na presença de uma placenta bilobada ou de um lobo succenturiado; e 
  • Tipo III: um ou mais vasos estendem-se em forma de alça pelo OCI.
Tipos de Vasa Prévia
Tipos de Vasa Prévia. Fonte: Research Gate

Causas: fatores de risco e condições associadas 

Entre as causas mais comuns da presença da Vasa Prévia estão a inserção velamentosa do cordão umbilical, na qual o cordão se insere nas membranas fetais em vez de se fixar diretamente na placenta, a placenta bilobada ou succenturiada, obrigando os vasos a percorrerem as membranas entre essas estruturas. Também entre as causas estão as anomalias placentárias, como a placenta prévia ou a placenta de implantação baixa, que favorecem a passagem dos vasos sobre o colo uterino.

Tipos de anomalias placentárias. Fonte: Blog Clínica Concept

Já os fatores de risco para complicação da rotura de vasa prévia são: a ruptura das membranas ovulares (pois quando as membranas se rompem os vasos desprotegidos podem se romper devido à pressão do útero ou pela compressão do cordão umbilical); as contrações uterinas; o monitoramento inadequado do bem-estar fetal; a gestação pré-termo; presença de placenta prévia associada à vasa prévia e movimentos fetais intensos.

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Como identificar os sinais da rotura de vasa prévia no trabalho de parto? 

O principal sinal clínico da rotura de Vasa Prévia é o sangramento vaginal súbito, indolor e vermelho vivo, característico da origem fetal. Esse sangramento pode ser de médio a grande volume, e a ausência da dor diferencia essa condição de outras complicações obstétricas. Outro sinal importante é a alteração na frequência cardíaca fetal, onde pode ocorrer uma bradicardia fetal súbita, frequentemente associada ao sofrimento fetal agudo.

Além disso, é comum observar padrões anormais no monitoramento cardiotocográfico (CTG), como variabilidade reduzida ou desacelerações persistentes, indicando hipóxia fetal. É importante destacar que a Vasa Prévia é comumente um diagnóstico pré-natal. Assim, quando há qualquer indício de rotura, sua identificação tende a ser rápida pelo alto nível de suspeição e estado de alerta do obstetra.

Como diagnosticar a rotura de vasa prévia? Sinais e exames-chave 

O diagnóstico de vasa prévia é realizado durante o pré-natal por meio de exame ultrassonográfico transvaginal com Doppler colorido, visualizando diretamente a estrutura e o fluxo sanguíneo nela contido. Esse exame é o padrão-ouro para a avaliação, com alta sensibilidade diagnóstica superior a 90%. Em situações de dúvida diagnóstica ou quando a confirmação for necessária, a ressonância magnética pode ser utilizada como exame complementar. 

Na ausência de diagnóstico pré-natal, a suspeita clínica de vasa prévia deve ser considerada diante de um quadro de sangramento vaginal de características citadas na apresentação clínica previamente. Apesar de haver testes laboratoriais (APT ou o Teste de Kleihauer-Betke) para identificação de sangue fetal, esses exames não têm utilidade prática, pois não há tempo para aguardar seus resultados antes da realização da cesárea emergencial indicada pelo risco fetal.

Já o diagnóstico de Rotura de Vasa Prévia é realizado mediante a ocorrência do quadro agudo, com o surgimento de sangramento vermelho vivo, indolor e sinais de sofrimento fetal durante o trabalho de parto, associado ao provável diagnóstico prévio de Vasa Prévia. A triagem para vasa prévia é recomendada principalmente para gestantes que apresentam fatores de risco, como placenta prévia, placenta de inserção baixa e anomalias na formação placentária. 

Manejo obstétrico da rotura de vasa prévia: do pré-natal à sala de parto 

A Rotura de Vasa Prévia é uma emergência obstétrica de extrema letalidade ao feto a qual requer conduta imediata. A prioridade é a realização de uma cesariana em menor tempo possível visando a redução do período de sofrimento fetal. Após o nascimento, é necessária rápida avaliação do RN pela neonatologia, visto que provavelmente necessitará de medidas de reanimação neonatal e manejo da anemia aguda grave.

Ademais, também é válido discutir os cuidados com a Vasa Prévia antes de suas complicações. A prioridade é evitar a evolução para sua rotura. Para isso, uma gestante com o diagnóstico pré-natal deve ter sua cesariana agendada em sua 34ª e 36ª semana, deve-se iniciar a corticoterapia para amadurecimento pulmonar fetal, além de monitorização contínua de bem-estar fetal. 

Lembrando que, ao menor sinal de queda de BCF (batimento cardíaco fetal), sangramento, dor ou início de trabalho de parto, a gestante deve ser imediatamente internada para observação e intervenções caso necessário, como a  inibição do trabalho de parto.

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