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Publicado em
31/3/23

Medicina da Família e Comunidade: residência médica e mercado de trabalho

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Medicina da Família e Comunidade: residência médica e mercado de trabalho

Você sabia que a Medicina da Família e Comunidade, é comumente chamada apenas de Medicina da Família, e que ela foi a segunda especialidade médica que mais aumentou o número de especialistas nos últimos 10 anos? A área pulou de um pouco mais de 3.200 profissionais em 2012 para mais de 11.200 no ano passado, um aumento de 246%!

Dados como esse, coletados pela pesquisa Demografia Médica 2023, vem para reforçar uma tendência que é notada há alguns anos: a Medicina da Família e Comunidade está sendo cada vez mais procurada e valorizada. Vem entender mais dessa área tão essencial para todo o sistema de saúde ao longo do texto abaixo.

O que é a Medicina da Família e Comunidade?

A Medicina da Família e Comunidade é a especialidade clínica responsável por ser a porta de entrada das pessoas com o sistema de saúde. Foto: Reprodução/Shutterstock
A Medicina da Família e Comunidade é a especialidade clínica responsável por ser a porta de entrada das pessoas com o sistema de saúde. Foto: Reprodução/Shutterstock

O profissional especialista em Medicina da Família e Comunidade é a porta de entrada dos pacientes na assistência básica. Ele atende pessoas de todos os sexos e idade, com foco na assistência continuada, atendendo por vezes uma mesma comunidade por anos, encaminhando para outros especialistas em caso de doença mais grave e prevenindo e cuidando do bem-estar da comunidade como um todo. Essa especialidade é muito parecida com a Clínica Médica, também atuando com o foco majoritário na prevenção de doenças com uma abordagem mais conservadora. 

A principal diferença da Medicina da Família para Clínica Médica, no entanto, é que ao contrário dos clínicos, que só atendem adultos, esse especialista atende todas as faixas etárias, sendo comum inclusive que atenda toda uma mesma família. 

Além de atuar prestando assistência de forma contínua a toda a comunidade, esse médico tem ainda conhecimento para gestão de recursos da saúde. Para mais, o médico da família atua na atenção primária e o clínico na secundária e terciária.

Quais as características de um médico da família?

Saber se comunicar de forma adequada é uma característica que todo médico deve ter, o especialista em Medicina da Família e Comunidade deve se atentar ainda mais! Essa especialidade clínica, atende muitas vezes vários membros de uma mesma família/comunidade e por vários anos, por isso, ter empatia, se comunicar da forma adequada e saber ouvir são habilidades imprescindíveis.

Além disso, fazer uma ótima anamnese, e estar atento aos detalhes são requisitos para bons médicos da família. É necessário ainda que o profissional da área seja capaz de perceber sintomas de patologias, que por vezes os pacientes não conseguem explicar. Vale lembrar que essa especialidade vai estabelecer um contato direto com outras o tempo inteiro, então gostar de trabalhar em equipe também faz parte do perfil do médico da família. 

Como é a residência médica em Medicina da Família e Comunidade?

A residência médica em Medicina da Família e Comunidade é de acesso direto e possui duração de dois anos. Segundo a matriz curricular da área, estabelecida pelo MEC, o residente dividirá seu tempo aprendendo e dominando os conhecimentos das seguintes áreas:

  • Atenção primária - Princípios
  • Saúde Coletiva;
  • Abordagem individual;
  • Abordagem familiar;
  • Abordagem Comunitária;
  • Raciocínio Clínico;
  • Pesquisa médica, gestão em saúde, comunicação e docência;
  • Gestão e Organização do Processo de Trabalho;
  • Trabalho em equipe multidisciplinar;
  • Avaliação da qualidade e auditoria;
  • Vigilância em Saúde;
  • Atenção à Saúde;

Qual a grade de estudo de um médico residente em Medicina da Família e Comunidade?

Saúde coletiva, abordagem comunitária e gestão e organização do processo de trabalho são algumas das áreas que todo residente em medicina da família e comunidade aprende. Foto: Reprodução/Shutterstock
Saúde coletiva, abordagem comunitária e gestão e organização do processo de trabalho são algumas das áreas que todo residente em medicina da família e comunidade aprende. Foto: Reprodução/Shutterstock

A Matriz Curricular da residência médica em Medicina da Família e Comunidade estabelece o que o residente deve saber ao fim de cada ano de curso, confira.

O que devo saber ao fim do primeiro ano em Medicina da Família e Comunidade segundo o MEC?

  • Avaliar problemas de saúde agudos e crônicos apoiados em um conceito ampliado de saúde;
  • Compreender a estruturação histórica e jurídico-institucional do Sistema Único de Saúde;
  • Conhecer a área (geográfica) em que atua e os determinantes e condicionantes aos quais estão expostos a população que nela habita;
  • Dominar a anamnese, exame físico e a solicitação, quando necessária, de exames complementares e sua interpretação;
  • Demonstrar atitude respeitosa no contexto familiar mesmo quando há diferenças culturais e comportamentais;

O que devo saber ao fim do segundo ano em Medicina da Família e Comunidade segundo o MEC?

  • Demonstrar uma abordagem efetiva para doenças com componente psicossocial;
  • Avaliar os aspectos da violência familiar. Identificar casos de violência familiar e conduzir casos com menor complexidade;
  • Dominar a construção de plano terapêutico individualizado, propondo estratégias à maior adesão terapêutica;
  • Produzir um artigo científico;
  • Planejar ações prioritárias de saúde com base no diagnóstico comunitário

Como funciona a rotina profissional do Médico da Família e Comunidade?

A medicina da família é uma especialidade clínica, mas, ao contrário de outras do mesmo tipo, esse profissional passa boa parte do seu tempo fora de uma clínica. Isso porque, atuando no sistema público de saúde é comum que esse profissional faça parte de uma Equipe da Saúde da Família, visitando pacientes em suas casas para acompanhamento de doenças crônicas

Além do mais, como articulador, o médico da família passa parte do seu tempo pensando estratégias para promoção de saúde da comunidade em que atua. E, é claro, também atenderá pacientes em clínicas, principalmente em UBS.

Mercado de trabalho e salário

Como comentamos na introdução, a especialidade está com a procura em alta em todo o país e não é à toa: desde a criação do Mais Médicos, em 2013, os incentivos e procura por profissionais qualificados para atenderem na atenção básica só fazem crescer

O Governo Federal anunciou no dia 20 deste mês uma reformulação do programa que segue oferecendo benefícios para essa especialização como: aumento da oferta de vagas para residência médica, principalmente em locais onde o Mais Médicos está presente e retorno de 80% do valor pago no curso de graduação para médicos formados pelo FIES que atuarem pelo programa.

Apesar de nada impedir um profissional da área de atuar pelo sistema privado de saúde, na Medicina da Família isso é muito mais raro, ainda mais considerando que a maior parte das vagas de emprego é pelo SUS, atuando principalmente em UBS. Quanto a remuneração, segundo dados da  plataforma Salario.com junto a dados oficiais do Novo CAGED, eSocial e Empregador Web, um médico da família e comunidade ganha em torno de R$ 11.187,00 para uma jornada de 31 horas semanais.

Conclusão

A Medicina da Família e Comunidade é uma especialidade médica cuja procura cresce em todo o país, principalmente para atuar em regiões com carência de profissionais da saúde. Esse especialista serve como porta de entrada para a atenção básica em saúde e atende todos os sexos e idades.

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