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Publicado em
9/3/22

Entenda O Que É Hipertensão Portal, Quais Seus Sintomas, Causas e Possíveis Tratamentos!

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Entenda O Que É Hipertensão Portal, Quais Seus Sintomas, Causas e Possíveis Tratamentos!

A hipertensão portal se caracteriza pelo aumento de pressão no sistema de veias que leva o sangue dos órgãos abdominais para o fígado, podendo trazer complicações como varizes de esôfago, hemorragia digestiva, ascite, esplenomegalia, encefalopatia hepática e síndrome hepatorrenal, cursando com alta morbidade e mortalidade.

Ela é uma complicação importante da cirrose hepática. 

Ao longo deste artigo contaremos o que é a hipertensão portal, seus sintomas, causas e os possíveis tratamentos. 

O Que É Hipertensão Portal?

A hipertensão portal é uma síndrome definida pelo aumento da resistência ou do fluxo sanguíneo no sistema porta, associa-se principalmente a disfunções hepáticas e a alterações nos vasos associados ao sistema porta.

PP = Q (fluxo sanguíneo) x R (resistência)
Essa definição é decorrente de uma analogia hidráulica da lei de ohm. De tal forma, os principais determinantes da Pressão Portal, são o fluxo sanguíneo e a resistência portal.

Definição da Hipertensão Portal

A hipertensão portal é definida como a elevação do gradiente de pressão venosa hepática > 5 mmHg. Valores > 10 mmHg correspondem a hipertensão portal clinicamente significativa.

Ela pode derivar de várias doenças sendo a cirrose a principal no ocidente, seguida de outras como a esquistossomose, neoplasias do fígado, das vias biliares ou do pâncreas, fenômenos tromboembólicos da veia porta e moléstias supra-hepáticas, como insuficiência cardíaca direita e oclusão da veia cava inferior, por trombos ou tumores.

A interação entre o fluxo sanguíneo e a resistência vascular pode alterar o sistema porta. Assim, a pressão portal pode aumentar, se houver aumento do fluxo sanguíneo portal ou aumento da resistência vascular ou ambos.

Fisiopatologia da Hipertensão Portal 

A determinação dessa condição, se dá com o conhecimento da interação entre a resistência vascular e o fluxo sanguíneo na região portal

O resultado que converge no quadro desta complicação é decorrente da alteração dessas duas variáveis.

Sendo assim, o aumento em uma ou em ambas podem levar ao quadro de hipertensão portal.


Quais os Sintomas da Hipertensão Portal?

Os principais sintomas nem sempre são possíveis de identificar  nesses casos, no entanto, pessoas que têm uma doença hepática que possa resultar em cirrose têm um elevado risco de desenvolver hipertensão portal.

Já nos casos em que é possível identificar algum sinal da hipertensão portal, os sintomas incluem:

  • Ascite;
  • Varizes esofágicas;
  • Hematêmese;
  • Melena;
  • Edema de membros inferiores;
  • Hemorróidas.

Já nos casos mais graves da doença, pode acarretar em encefalopatia hepática. 

Mas essa complicação pode acontecer em qualquer caso de doença hepática grave, já que o órgão deixa de ser capaz de filtrar o sangue adequadamente, não precisando estar apenas relacionado com a hipertensão portal.

Quais as Causas da Hipertensão Portal?

A causa mais frequente é a cirrose, uma condição na qual surge tecido fibrótico no tecido do fígado, que dificulta o funcionamento e a circulação do sangue no órgão. Existem outras causas, além da cirrose, essas entram em várias possibilidades. (veja na tabela no prox. parágrafo.)

Existem outras doenças como Síndrome de Budd-Chiari, Esquistossomose, colagenopatias,  doença hepática policística, entre outras.  

Além disso, alterações cardíacas que impeçam a circulação normal do sangue depois do fígado também podem resultar em hipertensão. 

Nesses casos, os problemas mais comuns são a insuficiência cardíaca direita e a pericardite constritiva. 

Quais as Classificações da Hipertensão Portal?

A classificação da hipertensão portal é feita de acordo com o sítio acometido pela etiologia desta síndrome, que assim como já explicado acima, pode ser pré-hepática, intra-hepática ou pós-hepática

Etiologias da Hipertensão Portal
Hepática
Pré-hepático Pbré-sinusoidal Sinusoidal Pós-sinusoidal Pós-hepático
Trombose da veia porta Esquistossomose Cirrose Doença veno-oclusiva Síndrome de Budd-Chiari
Esplênico-arteriovenoso
• fístula
Nodular regenerativo
• hiperplasia
Hepatite aguda/alcoólica
• hepatite
Obstrução sinusoidal
• síndrome
Coração congestivo
• falha
Colangiopatia Fígado gorduroso agudo da gravidez
Amiloidose Metástase Hepática
Sarcoidose Mastocitose
Amiloidose Doença de Gaucher
Doença hepática policística
Fibrose hepática congênita

A hipertensão portal pré-hepática é gerada por condições que alteram o fluxo sanguíneo até chegar à veia porta, como a trombose da veia porta.

A intra-hepática é gerada pelas condições que aumentam a congestão dentro do sistema porta, como a cirrose hepática.

Já a pós-hepática está relacionada com a congestão no sistema da veia cava inferior, principalmente a insuficiência cardíaca direita.

Como Fazer o Diagnóstico da Hipertensão Portal?

Para fazer o diagnóstico da Hipertensão Portal é necessário a utilização de métodos invasivos. Mas, um diagnóstico preciso pode ser feito através de identificação de complicações relacionadas à Hipertensão Portal, mediante a exclusão de outras causas. 

Avaliação Médica

Para diagnosticar qualquer doença, o mais aconselhável sempre, é a orientação de um profissional especializado, neste caso, um gastroenterologista. 

No caso da hipertensão portal, o profissional se baseará no histórico de saúde do paciente e em exames que julgar necessário solicitar para avaliação do quadro e o diagnóstico final

Exames Laboratoriais e Testes Para Avaliar a Função Mental

Os exames laboratoriais são direcionados para investigação de indícios de cirrose, suas causas e gravidade

Dentre exames importantes estão: hemograma, AST E ALT, bilirrubinas, coagulograma, eletrólitos, uréia e creatinina, entre outros.

Pode-se suspeitar de encefalopatia hepática, com base nos sintomas (como confusão mental), mas podem ser necessários exames de sangue e testes projetados para avaliar a função mental.

Exames de Imagem

A avaliação com exames de imagem é importante pois achados como presença de circulação colateral, alterações no fluxo sanguíneo portal, esplenomegalia, avaliação da superfície do fígado e ascite podem ser sugestivos da presença de hipertensão portal. 

A ultrassonografia doppler, a ressonância magnética (RM) ou a tomografia computadorizada (TC) podem ser usadas com esse objetivo. Também é essencial a Endoscopia Digestiva Alta, para formulação do plano terapêutico do paciente em questão.

Qual o tratamento para hipertensão portal?

Os possíveis tratamentos para a hipertensão portal são:

Controle do Sangramento

Na presença de cirrose é recomendada a prescrição da endoscopia digestiva alta para avaliação da presença de varizes esofágicas. Após isso pode ser realizado tratamento.  

Os medicamentos, como a vasopressina ou octreotide, podem ser fornecidos por via intravenosa para que as veias com sangramento se contraiam e, consequentemente, diminuem o sangramento. 

Transfusões de sangue são fornecidas para substituir o sangue perdido.

Desvio Portossistêmico

No casos de hemorragia digestiva refratária a tratamento medicamento e/ou endoscópico, pode ser realizada a derivação portossistêmica, que consiste na ligação da veia porta ou uma das suas ramificações a uma veia na circulação geral.

Esse tipo de procedimento, desvia a maior parte do sangue que normalmente entra no fígado. Esse desvio (denominado derivação) diminui a pressão na veia porta, visto que a pressão na circulação geral é bem mais baixa.

Os procedimentos de derivação geralmente conseguem parar o sangramento, mas conferem algum risco, especialmente de encefalopatia hepática. 

Pode ser necessário repetir o procedimento no caso de obstrução da derivação.

Transplante de Fígado

Os casos mais graves podem precisar de um transplante de fígado

Conclusão

Ao longo deste artigo, pudemos aprender um pouco mais sobre a hipertensão portal e suas repercussões.

No caso de desconfiança ou acometimento por essa doença, o ideal é procurar imediatamente a orientação de um gastroenterologista para o tratamento adequado. 


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