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Publicado em
18/4/22

Entenda o que o fibroadenoma, quais sintomas e tratamentos

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Entenda o que o fibroadenoma, quais sintomas e tratamentos

O fibroadenoma é o tipo de nódulo benigno mais comum de aparecer na glândula mamária, e entre todas as neoplasias mamárias. Sendo a segunda mais frequente, atrás apenas dos carcinomas (tumor maligno).

Pode aparecer em qualquer momento da época reprodutiva, mas costumam surgir entre os 20 e 30 anos de idade.

Além disso, involuem após a menopausa, período que, além do tamanho, também pode mudar sua conformação.

É importante diferenciar esse de outros tipos de tumores mamários, para que tenhamos a melhor conduta possível nas pacientes acometidas.

Tipos de fibroadenoma: saiba quais são

Fibroadenoma simples

Ele possui as características clássica, como pequeno tamanho (entre 2 a 3 cm no máximo), de bordas regulares, circunscrito e aspecto homogêneo.

Fibroadenoma complexo

 É um nódulo heterogêneo, com alterações papilares e císticas, além de calcificações epiteliais em seu interior.

É o tipo de nódulo benigno mamário com maior risco de evolução para câncer.

Fibroadenoma gigante

 O tumor recebe essa classificação quando apresenta 6 a 7cm de diâmetro.

Fibroadenoma juvenil

Surge em uma idade bastante precoce, entre 10 a 18 anos e costumam crescer muito mais rapidamente que os outros tipos.

Nódulo em pipoca

Este tipo é  uma evolução do tumor, que pode ocorrer naturalmente nas mulheres com o avançar da idade.

É caracterizado por uma deposição homogênea de cálcio no nódulo, por possuir consistência endurecida e ser lobulado (mas não microlobulado, que é uma qualidade maligna).

O fato de ser lobulado o faz parecer uma pipoca na imagem radiológica. Ademais, o nódulo em pipoca costuma aparecer mais frequentemente em mulheres negras, a partir da terceira década de vida.

Na mamografia ou ultrassom é classificado como BI-RADS 2, que indica alteração mamária, mas 0% de chance de ser maligno.

Quais as principais causas?

Não existe uma causa específica, mas provavelmente há uma regulação por meio de hormônios sexuais (esteroides) e fatores parácrinos liberados pelo estroma

Por isso, ocorre um aumento de seu tamanho durante a lactação e uma regressão pós-menopausa.

A utilização de esteroides anabolizantes pode aumentar o risco destes tumores

Enquanto isso, a relação do uso de anticoncepcionais combinados orais (progesterona e estrogênio) com o crescimento destes nódulos ainda é controversa. 

Alguns estudos exibem alguma significância, outros mostram ser irrelevante a diferença entre pacientes que utilizaram e as que não utilizaram a pílula.

Como fazer o diagnóstico?

O diagnóstico é essencialmente clínico, mas quando realizada a tríade de exame físico, exame citológico e exame radiológico, a chance de ter falsos negativos é muito menor, cerca de menos de 0,9%.

No exame clínico é importante perguntar quando a mulher notou pela primeira vez o nódulo e se vem aumentando, visto que esse tumor mamário possui evolução lenta e progressiva

Além disso, avaliamos na palpação características que indicam um quadro de benignidade, como a dimensão entre 2 a 3 cm, consistência fibroelástica (parecendo a ponta do nariz), nódulo com boa mobilidade e bordas regulares.

Por outro lado, elementos como pele em aspecto de casca de laranja, presença de linfonodomegalia próxima à região, aderência a planos mais profundos, mamilo invertido e nódulo fixo falam a favor de malignidade.

Punção aspirativa por agulha fina (PAAF)

A PAAF é o exame citológico que deve ser recomendado a todas as pacientes que irão fazer uma conduta expectante (não cirúrgica), para comprovar que não há lesão maligna.

Apesar da biópsia através de punção com agulha grossa ser o único exame que confirma de certeza o diagnóstico, não é necessário realizar se a paciente possui todas as características clínicas do quadro de fibroadenoma, assim não é solicitado com frequência.

Exames radiológicos

A ultrassonagrafia de mamas é ideal para o diagnóstico desse nódulo benigno mamário. Foto: Reprodução/AdobeStoc/ Chompoo
A ultrassonagrafia de mamas é ideal para o diagnóstico desse nódulo benigno mamário. Foto: Reprodução/AdobeStoc/ Chompoo

Em relação ao exame radiológico, a mamografia não costuma ser solicitada, pois as pacientes são novas e o tecido mamário na imagem é idêntico ao tecido do fibroadenoma. 

Dessa maneira, o USG de mamas é muito mais eficiente para avaliar o nódulo

Além do mais, atende aos critérios do tumor quando apresenta imagem nodular circunscrita, bem delimitada, ovalada (com largura maior que altura) e hipoecogênica, apresentando então a classificação de BI-RADS 3.

Diagnóstico diferencial

O nódulo benigno mamário faz diagnóstico diferencial com pseudonódulos, cistos e o carcinoma circunscrito

Os pseudonódulos simulam um tumor, mas são condições bem diferentes, como estado inflamatório.

O cisto mamário geralmente apresenta início súbito, principalmente em mulheres de idade avançada e as pacientes relatam dor, logo, bem diferente do quadro do fibroadenoma.

Isso porque, como já dito anteriormente, ele surge em mulheres mais jovens, indolor e crescimento lentamente progressivo.

Já o carcinoma circunscrito é uma neoplasia maligna, mas tem características que aparentam ser benignas, semelhantes ao fibroadenoma, no exame físico e de imagem, tendo pouca infiltração no tecido mamário.

Possíveis condutas para o fibroadenoma

Conduta expectante

A conduta expectante deve ser realizada em pacientes de idade inferior a 35 anos com esses tumores mamários menores que 2 cm de diâmetro

Para mais, o acompanhamento clínico deve ser realizado, de 6 em 6 meses no primeiro ano do diagnóstico e anualmente nos 2 anos seguintes. 

Para isso, é preciso solicitar a PAAF e realizar exame de ultrassonografia de mamas nestes mesmos intervalos das consultas.

Cirurgia

A indicação cirúrgica é baseada na idade da paciente e na dimensão do nódulo. Recomenda-se, então, uma exérese simples de nódulos maiores que 2 cm, para evitar deformidade futura. Importante abordar com incisões estéticas, seguindo as linhas de força da mama.

Existem também outros métodos, menos invasivos, porém, menos utilizados, como a mamotomia (“drenagem” do nódulo por uma sonda à vácuo) e a crioablação (necrose do tumor através de “congelamento”). 

Importante lembrar que antes da realização desses, é necessária a certificação de benignidade do tumor

Dúvidas frequentes (guia rápido)

Quando o fibroadenoma cresce? 

Pode surgir e crescer em qualquer época da fase reprodutiva, mas geralmente é entre 20 e 30 anos.

É normal o fibroadenoma doer?

Apenas em situações como gestação e lactação o nódulo benigno de mama deixa de ser indolor.

Quando operar um fibroadenoma?

  • Tamanho maior que 2cm;
  • Paciente com idade superior a 35 anos;
  • Comprometimento estético;
  • Paciente ansiosa em relação ao tumor;
  • Nódulo com crescimento rápido.

Fibroadenoma tem cura?

Sim, com o tratamento cirúrgico, mas também pode ocorrer involução espontânea após a menopausa.

O fibroadenoma pode virar câncer?

Apesar de ser uma situação rara, pode sim evoluir para um quadro maligno. Isso ocorre em 0,1 a 0,3% dos casos para as mulheres entre 40 e 45 anos, e, geralmente, é precedido por um tumor do tipo complexo.

Conclusão

Por conta de sua natureza benigna, os fibroadenomas mamários raramente produzem sintomas e não representam um perigo à paciente. 

Com isso, a sua conduta torna-se bastante simples, com acompanhamento clínico ou intervenção cirúrgica em alguns casos.

Leia mais:

Fontes:

  • Nódulos benignos da mama: uma revisão dos diagnósticos diferenciais e conduta - Rev Bras Ginecol Obstet. Nazário ACP, Rego MF, Oliveira VM
  • Management of fibroadenoma of the breast – The Royal College of Surgeons of England
  • Fibroadenomatose juvenil – Radiol Brasil 2018 Hospital São Luís São Paulo
  • Avaliação da Atividade Proliferativa do Fibroadenoma Mamário após administração de Anticoncepcional Combinado Oral, associado ou não ao Estriol – repositório UNIFESP
  • Expressão do Antígeno Nuclear de Proliferação Celular no Epitélio de Fibroadenoma Mamário de Mulheres Tratadas com Contraceptivo Hormonal Oral Combinado – Mestrado Ginecologia UNIFESP