Covid-19
Publicado em
6/10/21

Coronavírus afeta os pulmões de maneiras bem diferentes

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Coronavírus afeta os pulmões de maneiras bem diferentes

A Covid-19 é responsável por causar uma infecção sistêmica. Dentre outros órgãos, ela atinge os pulmões, afetando os padrões respiratórios e os tecidos pulmonares. Um estudo brasileiro publicado pela Universidade de São Paulo (USP), na plataforma medRxiv, mostrou que o SARS-COV-2 afeta os pulmões de duas maneiras diferentes.

O estudo analisou amostras pulmonares de 47 indivíduos que foram a óbito em decorrência da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), causada pelo coronavírus. A média de idade dos homens e mulheres era de 67,8 anos e todos possuíam alguma comorbidade, sendo as mais comuns: hipertensão (55%) e obesidade (36%).

Além disso, no momento do internamento 66% deles estavam com falta de ar. E ainda, 62% apresentavam choque séptico, 51% falência renal aguda e 45% síndrome do desconforto respiratório agudo. Todas essas complicações clínicas foram desenvolvidas durante a internação hospitalar.

Os pesquisadores observaram que o pulmão de alguns apresentava sinal de fibrose e alguns outros apresentavam sinal de trombose, chamando de fenótipo fibrótico e fenótipo trombótico, respectivamente. Outra parte desses 47 indivíduos apresentavam sinais dos dois fenótipos.

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Fenótipo fibrótico

No trabalho os cientistas relataram que alguns dias antes do óbito, os pacientes apresentaram perda da complacência pulmonar e aumento na produção de colágeno (característico do tecido fibrótico). E mais, também houve um declínio acentuado no índice de oxigenação, que é medido pela relação pressão parcial do oxigênio arterial – fração inspirada de oxigênio (PaO2/FiO2).

Fenótipo trombótico

Os indivíduos deste grupo, ao contrário do grupo fibrótico, apresentaram uma melhora nos padrões respiratórios nos dias antecedentes ao óbito. Além disso, durante todo período de internamento hospitalar mantiveram um alto nível de complacência pulmonar. Em alguns casos, até receberam alta hospitalar, mas faleceram posteriormente.

No entanto, possuíam outras alterações, como: elevação no nível de plaquetas e formação de trombos. E, também, os níveis de dímero-D no momento da admissão hospitalar estava mais alto do que a média dos pacientes avaliados.

O coordenador da pesquisa, o patologista, Alexandre Fabro, explica que as características elencadas de cada grupo só mostram que, apesar da infecção ser causada pelo mesmo patógeno, ela age de maneiras distintas. Sendo assim, os pacientes precisam ser assistidos, tratados também de modos diferentes. A assistência deve ser adequada à necessidade de cada um.

Ainda segundo Fabro, o estudo mostra que a evolução dos parâmetros respiratórios (PaO2/FiO2) e o nível de dímero-D na admissão podem auxiliar a distinguir qual o fenótipo. Para que assim seja possível montar um esquema terapêutico direcionado.

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