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Publicado em
14/7/23

Cirurgia de Cabeça e Pescoço: residência médica, rotina profissional e mais

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Cirurgia de Cabeça e Pescoço: residência médica, rotina profissional e mais

A Cirurgia de Cabeça e Pescoço está entre as especialidades médicas com o menor número de profissionais, que representam um número um pouco maior do que 1.400, de acordo com o Demografia Médica 2023. Isso representa um percentual menor do que 1% quando olhamos para o número total de especialistas brasileiros (495.716). No entanto, apesar disso, comparando o número de cirurgiões de cabeça e pescoço de 2012 e 2022, foi observado um aumento percentual de 122,8%

Para saber mais detalhes sobre a rotina profissional e da residência médica em Cirurgia de Cabeça e Pescoço, além do mercado de trabalho e remuneração, continue lendo este texto exclusivo. 

O que é a Cirurgia de Cabeça e Pescoço?

A cirurgia crânio-maxilo-facial é uma área de atuação possível para o cirurgião de cabeça e pescoço. Foto: Reprodução/AdobeStock
A cirurgia crânio-maxilo-facial é uma área de atuação possível para o cirurgião de cabeça e pescoço. Foto: Reprodução/AdobeStock

A Cirurgia de Cabeça e Pescoço é uma subespecialização na área médica voltada para o tratamento de doenças, e, principalmente, de tumores malignos e benignos localizados na região a face, nos tecidos moles do pescoço, no couro cabeludo, tireoide, nas glândulas salivares, paratireóide, boca, faringe, laringe, fossas nasais e nos seios paranasais. Vale salientar que, doenças e tumores do cérebro, da coluna cervical e de outras partes do sistema nervoso central não fazem parte do escopo do cirurgião de cabeça e pescoço. 

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, os procedimentos mais comuns a serem realizados são as tireoidectomias, traqueostomias, cirurgias de glândulas salivares (parótida, submandibular), tumores da boca e da laringe. O profissional atende os públicos de todas as faixas etárias. 

Quais as características de um bom cirurgião de Cabeça e Pescoço? 

Por lidar com pacientes que fazem tratamentos por meio da cirurgia, a precisão e delicadeza são características imprescindíveis, pois além de causar danos estéticos, os erros podem prejudicar a funcionalidade da região. Além disso, é preciso saber trabalhar em equipe e manter uma boa relação interpessoal, já que trabalha com profissionais de várias outras áreas para complementar o atendimento ao paciente. É preciso também se manter atualizado, já que o seu trabalho é melhor realizado por causa dos avanços tecnológicos, e controlar as suas emoções.

Qual o perfil de um cirurgião de cabeça e pescoço?

O número de cirurgiões de cabeça e pescoço é maior entre o público masculino, são ao todo 929 médicos, ou seja, quase 79% dos especialistas em Cirurgia de Cabeça e pescoço é do sexo masculino, em sua maioria acima dos 55 anos. A média de idade deles é de 48 anos. Assim como a maioria avassaladora das especialidades, os médicos estão concentrados na região Sudeste, seguido pelo Nordeste, mais especificamente na capital desses locais. 

Como é a rotina da residência médica em Cirurgia de Cabeça e Pescoço?

A residência médica em Cirurgia de Cabeça e Pescoço tem dois anos de duração, mas para pleitear uma vaga nessa subespecialização você vai precisar antes cursar a residência médica em Cirurgia Geral ou Otorrinolaringologia, cada uma com três anos. A rotina da residência médica varia de acordo com o serviço de saúde, mas, geralmente, no primeiro ano são realizadas cirurgias de pequeno e médio porte e o residente passa por rodízios na enfermaria.

O R1 também fica de sobreaviso em caso de operações de urgência e realiza operações com anestesia local. Além de ser o responsável por avaliar o paciente no pré-operatório e planejar a estratégia terapêutica. No segundo e último ano da residência médica em Cirurgia de Cabeça e Pescoço, o médico começa a realizar procedimentos de alta complexidade e a trabalhar em cirurgias mais longas

Para mais, o R2 passa a contribuir com a formação do R- (R1). Os dois anos são compostos por atividades teóricas, que complementam o aprendizado durante a residência. O Ministério da Educação estabelece uma matriz de competências para a residência nesta área médica, veja a seguir alguns desses pontos:

O que devo saber ao fim do primeiro ano da residência médica em Cirurgia de Cabeça e Pescoço?

  • Avaliar e interpretar via aérea difícil e deliberar a melhor estratégia com a equipe anestésica, bem como decidir por uma via aérea definitiva;
  • Dominar as técnicas de cricotireoidostomias e traqueostomias;
  • Dominar a anatomia vascular da região da cabeça e pescoço e dominar as técnicas de venóclises periféricas e central;
  • Dominar a realização das diferentes técnicas de biópsias percutâneas, guiadas ou não, e abertas da região da cabeça e do pescoço;
  • Identificar e tratar as causas de sangramento e de outras complicações perioperatórias;
  •  Analisar as bases do diagnóstico e da indicação terapêutica concernentes às operações craniomaxilofaciais;
  • Dominar as técnicas operatórias de: manejo cirúrgico da via aérea (cricotireoidostomias e traqueostomias eletiva e de urgência); biópsia de linfonodo cervical; tireoidectomias; paratireoidectomias; ressecções de glândulas salivares; operações das afecções congênitas da cabeça e do pescoço; laringoscopia de suspensão diagnóstica; procedimentos transorais de pequeno porte; ressecções de afecções superficiais da região da cabeça e pescoço; tratamento cirúrgico das doenças infecciosas. 

O que devo saber ao fim do segundo ano da residência médica em Cirurgia de Cabeça e Pescoço?

  • Avaliar e planejar a anestesia para cirurgia de pequeno, médio e grande porte;
  • Dominar a comunicação ao paciente das vantagens, desvantagens e riscos de cada procedimento proposto;
  • Analisar a técnica e os princípios do mapeamento intra-operatório de nervos;
  • Analisar as técnicas de reabilitação dos pacientes submetidos a procedimentos ablativos da cabeça e do pescoço;
  • Analisar as técnicas de reabilitação dos pacientes submetidos a procedimentos ablativos da cabeça e do pescoço;
  • Planejar e executar os passos do procedimento cirúrgico de forma sequencial e organizada, no intuito de conseguir um desfecho favorável;
  • Dominar as técnicas operatórias de: esvaziamentos cervicais; ressecções de grande porte de tumores da boca, faringe, laringe, nasossinusais, da face e do pescoço; reconstrução dos defeitos da cabeça e do pescoço; ressecções endoscópicas nasossinusais, orais, faríngeas e laringo-traqueais; operações craniomaxilofaciais, bem como dominar as técnicas de osteossíntese do esqueleto craniofacial.

Como funciona a rotina profissional da Cirurgia de Cabeça e Pescoço?

O cirurgião de cabeça e pescoço no seu dia-a-dia atende, em sua maioria, pacientes oncológicos, com tumores na base do crânio, por exemplo, mas pode realizar procedimentos em subespecialidades como a cirurgia crânio-maxilo-facial e a cirurgia endoscópica nasal. Ele pode realizar os atendimentos tanto em hospitais públicos ou particulares, como também em consultórios particulares e clínicas de cirurgias endócrinas e bucais, realizando exames específicos e tratamentos paliativos

Procedimentos como a videolaparoscopia e a punção aspirativa por agulha fina também fazem parte do escopo desses profissionais. Sendo assim, é possível ver que o cirurgião também pode ter uma rotina ambulatorial, que possui uma carga horária bem menor. No consultório o que predomina são as indicações cirúrgicas de outros profissionais, quando o especialista em Cirurgia de Cabeça e Pescoço avalia a necessidade do procedimento. Para mais, as dúvidas sobre os diagnósticos, o estadiamento e a orientação sobre o melhor tratamento para o paciente também são ambulatoriais. 

Do profissional - falando especificamente da rotina cirúrgica - é exigido muito conhecimento da anatomia, delicadeza e precisão, pois os erros podem deformar o paciente, como já falado anteriormente. Um dos procedimentos mais comuns são as tireoidectomias, além das cirurgias realizadas nas glândulas salivares, na tireoide e paratireoide. Abaixo segue uma lista de outras cirurgias bastante comuns na prática do médico-cirurgião de cabeça e pescoço: 

  • Tumores de pele;
  • Tumores malignos do trato aerodigestivo alto (boca, orofaringe, laringe, hipofaringe);
  • Tumores dos seios nasais;
  • Malformações cervicofaciais;
  • Tumores da base do crânio.

Mercado de trabalho e salário

A cirurgia para retirada de tumores nasais é um procedimento de rotina da Cirurgia de Cabeça e Pescoço. Foto: Reprodução/AdobeStock
A cirurgia para retirada de tumores nasais é um procedimento de rotina da Cirurgia de Cabeça e Pescoço. Foto: Reprodução/AdobeStock

De acordo com a pesquisa Demografia Médica 2023, a Cirurgia de Cabeça e Pescoço figura entre aquelas com menor número de profissionais, são registrados no Conselho Federal de Medicina 1.406 especialistas. No entanto, embora tenha um pequeno número de cirurgiões, analisando dados de 2012 a 2022 o estudo mostrou que o número de profissionais dobrou nesse período, saindo de 631 para 1.406, representando uma taxa de crescimento de aproximadamente 123%.

Como já dito anteriormente, a maior concentração de cirurgiões de cabeça e pescoço está na na região sudeste, com 54,8% dos pouco mais de 1.400 titulados na área, seguido do Nordeste, Sul, Centro-Oeste e Norte. Sobre a remuneração, o salário médio de um cirurgião de cabeça e pescoço pode chegar a R$ 17.500,00.

Conclusão

O cirurgião de cabeça e pescoço é responsável não só pelo tratamento cirúrgico, como também pelo diagnóstico e acompanhamento pós-cirúrgico. Sendo assim, a destreza manual, precisão e delicadeza são essenciais para esses profissionais, que durante os dois anos da residência médica de Cirurgia de Cabeça e Pescoço adquirem conhecimento sobre os procedimentos menos e mais complexos de partes do corpo como a boca e faringe.

Se você pensa em se especializar nessa área, é bom saber que o número de profissionais dobrou na última década, mas ainda assim ela é uma das 55 especialidades com menor número de profissionais.

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