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Publicado em
18/2/23

Conheça os direitos e deveres do médico residente

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Conheça os direitos e deveres do médico residente

Os direitos do médico residente estão estabelecidos na lei 6.932, de 7 de julho de 1981, a chamada lei da Residência Médica. Ela é caracterizada pelo conjunto de normas que regulamentam as atividades dos Programas de Residência, para que o aprendizado seja o mais qualificado possível. 

Além dos direitos, o médico possui vários deveres estabelecidos pelo código de ética, como veremos ao longo do texto. Ademais, vale lembrar que, mesmo durante a residência, o profissional em treinamento possui uma responsabilidade civil, já que o exercício da medicina envolve riscos e está registrado no CRM.

Quais os direitos do médico residente?

Além de ter direto ao bolsa-auxílio, o médico residente é um contribuinte do INSS. Foto: Reprodução/Shutterstock
Além de ter direto ao bolsa-auxílio, o médico residente é um contribuinte do INSS. Foto: Reprodução/Shutterstock

A lei da residência médica traz diversas regras para o pleno funcionamento dos Programas de Residência, conferindo vários direitos ao residente.

Ela versa sobre a carga horária, o valor da bolsa-auxílio, a licença-maternidade e paternidade, sobre o regime de plantão e aposentadoria. Desde a sua promulgação, a norma sofreu algumas alterações, por isso nesse texto falaremos com mais detalhes sobre esta lei que regulamenta o trabalho do médico residente.

Valor da Bolsa do médico residente

É direito do residente o recebimento de uma bolsa-auxílio, paga pela instituição de ensino que oferece o Programa de Residência. De acordo com o Ministério da Saúde, a partir de 1ª de janeiro de 2022 o valor da bolsa-auxílio teve um aumento de 23,29%, e passou a ser de R$ 4.106,09.

Até então, o valor recebido era de R$ 3.330,43, por 60 horas semanais. Desse atual valor bruto é descontado o INSS. Além disso, tramita pela Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 2803/2019, que visa aumentar ainda mais o repasse, que passaria a ser de R$ 11.865,00.

O objetivo é equiparar o montante atual ao recebido pelos profissionais participantes do Programa Médicos pelo Brasil, que substituiu o Programa Mais Médicos. O PL foi aprovado na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara (CSSF), em dezembro de 2021, mas ainda precisa passar pela Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, e pela Comissão de Constituição e Justiça.

E mais, para passar a vigorar vai precisar ser aprovado pelas comissões do Senado, sem precisar ser votado no plenário. 

Regime Geral da Previdência Social e aposentadoria 

O Regime Geral da Previdência Social (RGPS), gerido pelo INSS, é mais um direito garantido aos residentes, que são contribuintes individuais. O RGPS assegura a aposentadoria por tempo de contribuição e por invalidez, além de garantir o auxílio-doença e o auxílio-maternidade

Além disso, a família também pode ser beneficiada, com a pensão por morte, por exemplo. A contribuição recolhida para o INSS, assim como dito anteriormente, é descontada do bolsa-auxílio

Jornada de Trabalho e Férias

A lei da Residência Médica determina que os programas das especialidades respeitem uma jornada semanal de 60 horas. E ainda, fala sobre as férias, que devem ocorrer anualmente durante 30 dias consecutivos.

Condições de Plantão

Sobre o regime de plantão, a lei da Residência Médica diz que durante as 60 horas semanais do residente está incluso um plantão de 24 horas. Dessa maneira, conforme a norma, a única modalidade de plantão reconhecida é aquela presencial, com a supervisão do preceptor. Por isso, não é permitida a realização de plantão de sobreaviso ou à distância. Em relação aos plantões noturnos com duração de 12 horas, o descanso deve ser de 6 horas consecutivas

Licença-Maternidade e Paternidade

A lei da Residência Médica assegura o direito à licença-paternidade e à maternidade. Para os pais, o período de afastamento é de cinco dias. Já para as mães o período é maior, sendo estipulado em 120 dias. É possível que esse tempo seja prorrogado em até 60 dias, quando solicitado pela médica-residente. 

Neste caso, como o período de afastamento da residência médica é maior do que 15 dias, então a bolsa-auxílio é suspensa e o pagamento passa a ser feito pelo INSS até o retorno das atividades do médico residente.

Outros direitos garantidos aos residentes:

Direitos médicos residentes: A lei 6.932 é fundamental para regulamentar as atividades exercidas pelo médico-residente. Foto: Reprodução/Adobe Stock
A lei 6.932 é fundamental para regulamentar as atividades exercidas pelo médico-residente. Foto: Reprodução/Adobe Stock
  • O período da residência será prorrogado pelo tempo que o médico-residente esteve afastado por motivos de saúde ou por causa da licença-paternidade e maternidade;
  • As instituições de saúde devem oferecer aos residentes as devidas condições de higiene pessoal e repouso durante os plantões, além de alimentação e moradia;
  • Os residentes são isentos do Imposto de Renda
  • O valor da bolsa-auxílio pode ser revisado anualmente
  • As atividades teórico-práticas devem compreender um mínimo de 10% e um máximo de 20% da carga horária, em forma de sessões atualizadas, seminários, correlações clínico-patológicas ou outras, conforme o funcionamento do programa.

Quais os deveres do médico residente?

Os médico sejam eles residentes ou não, tem inúmeros deveres a cumprir estabelecidos no código de ética profissional. O primeiro, e talvez, o mais importante, é o sigilo médico. Ele diz que é obrigação do médico e direito do paciente que as informações sejam sigilosas, sobretudo se tratando de crianças e adolescentes.

Para mais, é dever do profissional utilizar todos os recursos, comprovados cientificamente, para prevenir, promover, diagnosticar e tratar doenças, bem como respeitar as decisões diagnósticas e terapêuticas do paciente ou de seu representante legal. Para saber mais sobre os principais deveres do médico trazidos pelo código de ética, acesse aqui

Qual a responsabilidade civil do médico residente?

O médico-residente possui dois tipos de responsabilidade civil:

  • Responsabilidade solidária: como o próprio nome já diz, ela é compartilhada entre o médico residente e o preceptor, quando eles avaliam e optam por uma determinada conduta
  • Responsabilidade subsidiária: aqui o residente age conforme as orientações do preceptor. É ele quem avalia o paciente e determina a conduta para que o profissional aprendiz execute o que for dito.

Neste último caso, a responsabilidade caso haja algum erro é dos dois, mas se houver alguma indenização ela será feita pelo médico titular. 

O médico residente é um profissional formado, e como tal, pode ser responsabilidade por qualquer dano causado ao paciente. Entretanto, se atuar com negligência, imprudência ou imperícia responde como um profissional em treinamento. A responsabilização independe do tempo de residência, basta ser comprovada a culpa ou o dolo. No entanto, as consequências mais rígidas vão para o Staff, já que não só é o instrutor, como também o supervisor.

Por isso é levado em consideração o fato de o residente, na maioria das vezes, atuar na prática sem a supervisão direta do Staff. Muitas vezes o médico titular apenas instrui o residente qual o procedimento e como fazê-lo, sem supervisionar a execução da tarefa, o que pode resultar em erros médicos. Por isso a supervisão é tão importante. 

Além disso, o cuidado redobrado por parte do residente, seguir os protocolos e escutar as orientações dos mais experientes também é essencial para evitar erros, e consequentes responsabilizações.

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