Pesquisa realizada pelo The Journal of The North American Menopause Society trouxe notícias animadoras para as mulheres com menopausa precoce. Assim, publicado no último dia 29 de março, o estudo-piloto mostrou que a retomada da menstruação é possível, assim como a gestação. Isso através do tratamento combinado de Plasma Rico em Plaquetas (PRP) com Hormônio Folículo Estimulante (FSH).
O trabalho contou com a participação de um pequeno grupo, composto por 12 mulheres com menopausa precoce (em média com 44,4 anos). Sendo realizado durante um ano, de novembro de 2018 a novembro de 2019. Elas receberam uma injeção intraovariana com PRP e FSH recombinante. É preciso salientar que o plasma foi preparado a partir de 40 mL de sangue periférico autólogo.
Com esse tratamento inovador, foi observada a retomada da função ovariana após cerca de cinco semanas. Desse modo, as pacientes voltaram a menstruar em uma média de 37 dias. Sete delas alcançaram esse feito em um mês, três em aproximadamente dois meses e uma outra, somente após cerca de três meses.
Para o crescimento do folículo, a estimulação ovariana controlada durou em torno de 8 a 14 dias. Além disso, os autores do trabalho também relataram que houve uma queda expressiva do nível sérico médio de FSH. No início da pesquisa o nível estava em 70,5 IU/L e caiu para 26,2 IU/L.
Além do mais, o hormônio luteinizante também caiu significativamente, saindo de 34,8 IU/L para 14,3 IU/L. Tudo isso foi interpretado como um indicativo de uma melhora da função ovariana.
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Em seis, das 12 pacientes, foram efetuados 10 procedimentos de recuperação de oócitos. Dessa maneira, 13 óvulos maduros foram recuperados e houve a tentativa de fertilização via injeção intracitoplasmática de espermatozóide, isso resultou em 10 oócitos fertilizados.
Depois disso, duas mulheres receberam embriões em estágio de clivagem. Dessas, uma chegou a ficar grávida. A gestação foi constatada através da ultrassonografia e pela ausculta do batimento cardíaco fetal. Contudo, a paciente sofreu um aborto espontâneo na sétima semana.
Os autores dizem, que, embora o uso Plasma Rico em Plaquetas seja experimental na medicina reprodutiva, eles conseguiram restaurar a função ovariana de pessoas com menopausa precoce. Para eles, o mais impressionante foi uma paciente ter alcançado a gestação clínica após a fertilização in vitro com seu folículo maduro.
Ainda assim, de acordo o medscape, os pesquisadores explicaram que “estima-se que os mecanismos subjacentes ao sucesso da estratégia incluem aumento na vascularização ovariana e proliferação de células estromais”. Além da “redução no estresse oxidativo e morte celular nos ovários”.
Obstáculos
A técnica inovadora apresentada pelo estudo-piloto pode não ser acessível a todas as mulheres. Isso porque necessita de anestesia e laparoscopia. E ainda, se faz necessário administrar injeções acuradas em 15 sítios, entre 1mm e 2mm da área subcortical ovariana. Esses fatores tornam a técnica difícil.
Apesar dos resultados satisfatórios, a amostra populacional foi muito pequena. Por isso, os autores pediram autorização para realizar o estudo com uma população maior e mais diversificada, a exemplo de mulheres com câncer com histórico de tratamento quimioterápico.
Plasma Rico em Plaquetas (PRP)
A preparação do PRP com uma concentração 10 vezes maior de fatores de crescimento e metabólitos ativos do que o plasma normal se mostrou benéfica em mulheres no climatério. Assim, a concentração teve o potencial de restabelecer os ciclos menstruais, permitindo a fertilização in vitro. E mais, também se mostrou benéfica para mulheres com insuficiência ovariana prematura.
Diante disso, antes de começar o estudo-piloto em si, os pesquisadores administraram uma injeção intraovariana de PRP ativado com gonadotrofinas - a exemplo do FSH - numa mulher de 38 anos. Ela tinha insuficiência ovariana prematura e eles queriam saber se a combinação produziria uma resposta melhor e seria suficiente para estimular os folículos.
O tratamento deu certo e a mulher não só engravidou, como também deu à luz a gêmeos. Apesar disso, os relatos de gestação clínica e nascidos vivos ainda é pequeno. E então, a partir daí, foi feita a pesquisa com as 12 mulheres.