Covid-19
Publicado em
22/4/20

Características clínicas de pacientes levados a óbito

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Características clínicas de pacientes levados a óbito

Abordaremos sempre novos estudos sobre o comportamento do vírus, surgimento de novos tratamentos, o desenvolvimento da vacina e outras notícias em periódicos de credibilidade que chamarem a atenção. Não deixaremos de falar sobre outras novidades dentro da medicina — mas, por ora, o Covid-19 deve ganhar destaque.

Durante os últimos dias, tem ganhado visibilidade na comunidade científica um estudo chinês publicado no JAMA, que foca nas características clínicas de pacientes levados a óbito pelo vírus. Ele foi realizado na província de Wuhan, local de surgimento da pandemia, com dados de 21 hospitais e 168 pacientes. Dados estes que foram coletados no período de 21 a 30 de Janeiro de 2020.

Apresentação clínica dos pacientes mortos por Covid-19

O estudo demonstra que 75% dos pacientes era do sexo masculino, a idade média era de 70 anos (variando entre 64 e 78) e mais de 95% (precisamente 161 pacientes) estava acima dos 50 anos de idade. Além de sexo e idade, temos no grupo de variantes mais fortes a presença de comorbidades — 125, ou seja, 74,4% dos pacientes, possuía uma ou mais comorbidades. A mais comum foi hipertensão arterial, seguida por diabetes e cardiopatia isquêmica.

Outro fator relevante na morbidade foi o tratamento. Todos os pacientes do estudo receberam oxigenoterapia, porém apenas cerca de 20% obteve ventilação mecânica invasiva (IOT).

O estudo indica que a demora para intubar deveu-se a dois principais fatores: o fato de alguns pacientes com hipoxemia severa não demonstraram sintomas —
a chamada hipoxemia silenciosa — e a carência de ventiladores mecânicos para atender à grande demanda. Influenciou, também, a falta de treinamento em intensivismo por parte da equipe, que não era composta apenas por médicos especialistas na área.

Um achado importante nesse estudo foi o caso da hipertensão arterial, a grande comorbidade em comum. Uma série de estudos prévios têm demonstrado que há uma taxa maior de pacientes hipertensos que contraíram o vírus precisando de cuidados intensivos em relação ao resto da população contaminada — sejam essas pessoas previamente hígidas ou portadoras de outras comorbidades.

De acordo com um estudo realizado há cerca de um mês, o SARS-CoV-2 infecta os pulmões através do receptor da enzima conversora de angiotensina II. Bloqueadores dos receptores da angiotensina II, dessa forma, estão sendo estudados como possível tratamento. Mais pesquisas são necessárias para entender o mecanismo do SARS-CoV-2, porém.

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